A palavra que talvez traduza o estado em que estamos nos tempo de hoje pode ser uma só: acelerados. Conversava com uma colega de trabalho na última semana e ela me dizia o quanto sentia como se houvesse um homenzinho correndo dentro dela. Achei curioso o jeito que ela encontrou para explicar essa aceleração toda que sentia, ao mesmo tempo que por fora transmita muita serenidade. Nós rimos da metáfora do homem corredor, mas na verdade essa história de ficar sempre em estado de agitação já perdeu a graça.
Para diminuir a ansiedade, várias corporações e executivos do mundo todo estão adotando uma técnica chamada mindfulness, que para o português foi traduzida como "atenção plena". A ideia consiste basicamente em fazer pequenas pausas ao longo do dia (um minuto, três ou mais, quanto você conseguir) para se reconectar com o que é importante naquele momento, o presente.
O método é simples: apenas preste atenção na sua respiração. Aí você pode estar se questionando “Ah sim, serei mais focado e menos crítico, e tudo ficará melhor. Por que não pensei nisso antes?” Acontece que para funcionar, a atenção plena deve ser uma prática, um estilo de vida e não uma moda passageira.
Quantas vezes nós já não nos percebemos vivendo no piloto automático? A atenção não está no presente, mas nas coisas que já aconteceram ou ainda vão acontecer. O mindfulness é um método de treinamento mental, como uma musculação para o cérebro mesmo. Estudos científicos atestam que a prática da atenção plena (um tipo de meditação) ajuda no aumento do foco, da produtividade, diminuição do estresse e até na melhora das relações interpessoais. Neurocientistas americanos que estudam o tema como Mark Williams, professor de Psicologia Clínica na Universidade de Oxford, atestam que o método afeta positivamente os padrões cerebrais responsáveis pela ansiedade e pelo estresse, que meditadores regulares têm relacionamentos mais estáveis e se sentem mais feliz que a médias das pessoas.
Empresas como Google, Twitter, LinkedIn já adotaram a prática em seus escritórios espalhados pelo mundo e mais gente aqui no Brasil está levando o método para dentro das empresas. A psicóloga e instrutora de mindfulness, Naira Scavone, explica que um dos maiores benefícios é a redução do estresse. “Buscando estar atentos e conscientes no momento presente, respondemos melhor ao invés de estarmos reativos aos desafios inerentes do meio corporativo. Além disso, mindfulness aumenta nossa consciência corporal e mental nos levando a buscar um estilo de vida mais saudável”.
Mindfulness, atenção plena ou meditação. Chame como preferir, mas experimente. Falo por experiência própria. Essa história de bem-estar é verdade, mesmo. Eu continuo cheia de tarefas, tenho o perfil mais acelerado, mas tento dia após dia fazer tudo com o coração menos agitado e com pequenas pausas apenas para respirar e sair do piloto automático. Isso não quer dizer que adotei uma postura de Poliana diante da vida, mas que optei por iniciar uma mudança gradual em que o foco é o presente. E você, que tal experimentar?
PASSO A PASSO DE UM MINUTO
1. Sente-se ereto em uma cadeira com encosto reto. Se possível, afaste um pouco as costas do encosto da cadeira para que sua coluna vertebral se sustente sozinha. Seus pés podem repousar no chão. Feche os olhos ou abaixe o olhar.
2. Concentre a atenção em sua respiração enquanto o ar flui para dentro e para fora de seu corpo. Perceba as diferentes sensaçoes geradas por cada inspiração e expiração. Observe a respiração sem esperar que algo de especial aconteça. Não há necessidade de alterar o ritmo natural.
3. Após alguns instantes, talvez sua mente comece a divagar. Ao se dar conta disso, traga sua atenção de volta à respiração, suavemente. O ato de perceber que sua mente se disperou e trazê-la de volta sem criticar a si mesmo é central para a prática da meditação da atenção plena.
4. Sua mente poderá ficar tranquila como um lago – ou não. Ainda que você obtenha uma sensação de absoluta paz, poderá ser apenas fugaz. Caso se sinta irritado ou entediado, perceba que essa sensação também deve ser fugaz. Seja lá o que aconteça, permita que seja como é.
5. Após um minuto, abra os olhos devagar e observe o aposento novamente.
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