Tem momentos que o vestir entra em segundo plano nas nossas vidas. Você nem sabe o que colocou. Simplesmente cobriu o corpo, fez sua higiene diária, calçou algo e saiu para enfrentar a vida. Vivê-la na sua intensidade, nos seus desafios. Enfrentar sem fantasias a realidade de nossos tempos. Esses dias têm sido difíceis de pensar em roupas para quem, como eu, mora em Paris.
Uma redação inteira dizimada por dois irmãos fanáticos, psicose utilizando o nome do profeta Maomé. Quando a gente está em meio a um cenário como esse, fica quase impossível pensar em outro assunto. Tenho me acordado e simplesmente vestido o que vejo pela frente. Jeans, tênis, blusões, gorros para cobrir a cabeça do frio e voilà, é tudo.
Zero maquiagem. Não tenho vontade de falar de moda. Apenas uma profunda tristeza por estar vivendo no meio de uma tensa ameaça, uma guerra que vai além das crenças. O fuzilamento da redação de artistas e jornalistas do jornal Charlie Hebdo , aconteceu dia 7 de janeiro pela manhã e nos pegou de surpresa. A maior parte das fotos que ilustram esse post foi feita momentos antes. O Charlie Hebdo era amado pela França e esse cruel massacre me fez, mais uma vez, pensar em como estamos frágeis e suscetíveis a tudo o tempo todo.
Não temos como escapar. Sabemos disso. Com elegância, nós, da população parisiense, nos cumprimentamos cordialmente, mas não existe motivo para grandes papos, nem mesmo discutir a gravidade do assunto. Por isso, vou além da roupa. Vou ficar aqui no meu luto pela morte também da liberdade de expressão. E vou repetir como um mantra “Paris Je t’aime” ou “I love Paris”. Repita você também. É a moda do hoje. E também #jesuischarlie. Solto algumas imagens e também uma outra com um pouco de poesia dos meus arquivos. Sem legendas. Vocês vão entender.
Um som tão bom quanto o silêncio:
Por enquanto é isso. Segue @anagarmendia no Instagram e acompanha minhas imagens #diretodeparis, ok? Bisous.