Os meses de calor exigem um cuidado especial dos tutores de felinos com seus pets. Isso porque o tempo quente favorece a proliferação de uma doença fatal: a esporotricose. Sendo uma zoonose, ela pode ser transmitida dos animais para os humanos, e é igualmente perigosa para ambas espécies.
Também conhecida como “doença do jardineiro”, a esporotricose é causada por um fungo presente no ambiente natural. O contágio acontece, principalmente, por meio da arranhadura do gato nas árvores e no solo. Assim, ele leva o fungo nas unhas, se contamina e acaba espalhando a doença.
Por isso, a melhor forma de evitar a contaminação de um gato doméstico é controlar o ambiente em que ele está. Isso significa não deixar ele sair para a rua, nem mesmo para o pátio de casa.
Vice-presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária, Raquel Lopes Guarise explica que a quantidade de casos da doença aumenta nas estações mais quentes tanto pela característica do fungo quanto por uma questão comportamental dos bichanos:
— O fungo da esporotricose é tropical e se reproduz muito mais rapidamente nessa época. E como não está tão frio, a tendência é de os gatos irem mais para a rua, ficarem perambulando, terem contato com outros animais. Eles ficam muito mais expostos.
Atenção aos sintomas
No gato, a doença começa de forma superficial e pode evoluir para estágios mais avançados e afetar os órgãos internos. Nos humanos, a infecção também pode se tornar fatal. Por isso, caso o animal comece a apresentar sintomas, é preciso procurar um veterinário com urgência. O tratamento é longo, com duração de pelo menos dois meses e, se necessário, internação do animal em uma clínica.
Caso o humano seja exposto ao fungo, a orientação é lavar o local atingido com soro fisiológico e procurar um dermatologista.
— Cuidado com as brincadeiras, para evitar mordidas e arranhões. Tentar não encostar nas lesões da pele e nas secreções e, caso haja outros animais na casa, deixar o gato isolado durante o tratamento — pontua a veterinária.
Raquel ainda reforça o alerta para os tutores de gatos resgatados da enchente de maio. Muitos contraíram doenças e sofreram com o trauma, o que prejudica a imunidade de seus organismos e os deixa ainda mais indefesos contra o fungo da esporotricose.
Além disso, ela ressalta o cuidado com os gatos machos que não são castrados, que têm alto fator de risco devido à propensão de se envolverem em brigas e passarem mais tempo na rua.
Como identificar a esporotricose no gato
- Feridas nas extremidades (rabos e patas) e mucosas
- Aumento dos linfonodos (glândulas espalhadas pelo corpo do gato)
- Espirros e secreção
- Vermelhidão e inchaço no nariz
- Partes do corpo inchadas, mesmo que não haja lesão visível
Produção: Caroline Fraga