Uma pergunta que alguns tutores podem se fazer quando percebem que a idade avança nos mascotes é em que momento começam a aparecer sinais de surdez no cachorro. É com sete anos? Com 12?
Existem sim alguns sinais que, em um primeiro momento, passam despercebidos, mas que são um indício de que o seu pet já não está contando com a plenitude de seus ouvidos. Algumas doenças podem acelerar o processo, como é o caso de otite recidivante ou perfuração de tímpano, mas a maioria das vezes os sinais simplesmente acompanham a passagem do tempo.
Muita gente acredita que o mascote, de uma hora para a outra, pode deixar de escutar, mas não é assim que costuma acontecer. Alguns detalhes apenas o tutor de longa data do animal começa a perceber.
Sinais de que o pet não está ouvindo bem
1. Bicho preguiçoso
Um pet pode estar sendo erroneamente considerado um animal preguiçoso que sequer vem em direção a um chamado. Já passou por sua cabeça que talvez ele não esteja te ouvindo?
Isso acontece às vezes, razão pela qual ele pode ser chamado de teimoso, mas surdo não, afinal, ele olhou para você. Mas atenção: o seu pet reconhece comportamentos independentemente de o tutor estar fazendo uso da voz. Ao pegar a coleira na mão, o seu pet sabe que vai descer na rua e pode até latir e abanar o rabo enquanto o tutor animadamente diz a famosa frase: "Vamos passear". Só que a sua boca pode estar se movendo sem que ele escute a voz.
É por isso que às vezes ele parece teimoso, porque não tem o tutor do lado para compreender o seu comportamento. Se você o chama no quarto e ele não vem, pode achar que ele sofre de problemas de articulação quando, na verdade, ele não está te escutando.
Nesta mesma linha de raciocínio, alguns pets podem não voltar para dentro de casa quando você chama. Preste atenção se é coisa de mascote teimoso ou mascote surdo. E a primeira impressão é a que prevalece.
2. Bicho dorminhoco
Um dia o seu pet vovô resolveu dormir mais tempo do que o habitual. Pode ser vontade própria? Sim, pode, mas o pet que começa a ter problemas para ouvir por vezes não acompanha mais a rotina da casa, ou seja, ele não acorda junto com todo mundo. Razão disso? Não escuta a algazarra da casa.
Alguns pets ainda acordam em razão da vibração de portas batendo e janelas abrindo, mas agora, nas férias de verão, há quem já esteja observando que seu pet resolveu "tirar férias" quando, na verdade, não acorda porque não escuta mais os ruídos de pessoas transitando às 7h para sair de casa e ir trabalhar.
3. Bicho inútil
A sensação de que o seu mascote está deixando a desejar também pode ser uma queixa frequente de tutores de animais com problemas de audição. Entraram no pátio da empresa mesmo tendo um cão de guarda auxiliando na segurança? A luminária se quebrou em pedacinhos e o cachorro sequer latiu para advertir que algo estranho aconteceu na sala? O bebê estava chorando e o mascote não deu o alerta como costumava fazer? Mas o que foi que deu neste cachorro?
Como testar a audição do cachorro
Um veterinário vai fazer uso de testes mais apurados para saber como está a audição do seu mascote, mas alguns indícios você pode observar em casa:
- Não acordar com os ruídos das pessoas;
- Não acordar com tempestades;
- Não correr para a porta de casa quando o tutor chega;
- Não aparecer para comer quando você mexe no pote de comida e ele está em outro cômodo;
- Não vir ao seu encontro quando você fala frases que ele reconhece — "Vamos passear" ou "vamos comer" — sem que ele te veja.
O que fazer
Saiba que um pet vive perfeitamente bem sem ouvir, mas pode se sentir um pouco angustiado com o súbito silêncio que se tornou a vida dele. Não ouvir a voz do tutor pode trazer alguma insegurança, razão pela qual o seu pet não desgruda de você aonde que que você vá.
Alguns ficam carentes, afinal, você não o mima mais com a voz e ele tenta compensar buscando a sua atenção em forma de toques. Outros podem se sentir tão inseguros a ponto de fazer xixi em outras partes da casa. Vai de cada um. Por ser um processo gradual, alguns podem se adaptar à falta de comunicação verbal com os tutores, mas esteja atento àqueles que podem se mostrar ressentidos.
Dicas de adaptação
- Entenda que pode ser complicado para o seu mascote compreender por que você parou de falar com ele;
- Interaja usando mais as mãos;
- Toque mais no seu pet, ele está precisando restabelecer laços afetivos;
- Para acordá-lo, descubra um local do corpo, como a ponta da pata, para tocar gentilmente. Pets surdos costumam acordar sobressaltados;
- Não adianta gritar com ele ou aumentar o tom de voz. Entenda que ele não o obedece porque não o escuta. Faço-o entender poucos, mas novos sinais corporais que indiquem o que é para fazer naquele momento, como passear, dormir ou fazer xixi.
- Se ele não usava guia para passear, entenda que agora pode se tornar necessário. Não se esqueça de que ele não vai mais atender aos chamados do tutor, podendo descer a calçada, atravessar a rua e até permitir a aproximação de cães mais agressivos.
- Não espere que um cão de guarda surdo tenha a mesma habilidade de tempos anteriores. Contudo, pode seguir com o olfato apurado e, por conta disso, ainda pode dar o alerta quando sentir odores diferentes. Havendo outros cães de guarda como companhia, ele ainda pode fazer coro pois seguirá o comportamento dos demais que, por sua vez, escutam ruídos.
- Procure um veterinário. Pode ser que seja possível manter a surdez de forma parcial ou verificar a presença de doenças que comprometem o aparelho auditivo do animal.
Daisy Vivian é diplomada pela UFRGS em Medicina Veterinária e Jornalismo. É autora dos livros "Cães e Gatos Sabem Ajudar Seus Donos" e "Olhe-me nos Olhos e Saiba Quem Você É", histórias reais sobre pessoas e seus animais de estimação.