A apresentadora Titi Müller falou sobre ter denunciado o ex-marido, o músico Tomás Bertoni, por violência psicológica em entrevista à Marie Claire divulgada nesta quinta-feira (13). Para a revista, ela explicou que está tocando abertamente no assunto para que mais mulheres saibam o que é esse tipo de violência.
Titi e Tomás se divorciaram em agosto de 2021, após dois anos de casamento, e são pais de Benjamin, dois anos.
— Entendi que minha voz poderia ser ecoada e, principalmente, que poderia ser usada como um serviço. (...) Minha denúncia é a primeira de violência psicológica a ser acolhida pelo Ministério Público de São Paulo. Fui comunicada sobre isso lá. Então, já estou desbravando um matagal — relatou.
A apresentadora também contou que recebeu julgamentos de pessoas do seu círculo de convivência por conta da denúncia.
— Fui julgada por pessoas próximas e por familiares, que tinham mais medo da exposição do que das violências que viram acontecer. Essa é uma reação comum, que acontece com muitas vítimas. É mais fácil jogar a bucha no colo da mulher, dizer que ela tem dedo podre ou questionar o que ela fez para isso acontecer — declarou.
— Nunca imaginei que eu seria a mulher que, quando precisa de uma rede, ela não está lá. Com a minha história, vi até onde mora o feminismo de muita gente. Ao mesmo tempo, a gente acaba criando uma nova família, faz conexões com outras mulheres que passaram por isso e recebe apoio de gente que nem imaginaria. A gente nunca esquece quem segura a nossa mão nessas horas, mas infelizmente também nunca esquece as mãos que pedimos e não estiveram lá — completou.
Na entrevista, Titi também discorreu sobre o entendimento de ter vivido um relacionamento abusivo.
— Passei por todos os estágios de um relacionamento abusivo. Quando estamos em um, a gente não sabe. Vivi desde a negação e a vergonha até a coragem de começar a contar para as pessoas mais próximas. Por um ano, me comuniquei por prints para mostrar que o que estava falando era verdade. Foi difícil me ver nesse lugar. No meu corpo, consigo ver totalmente as marcas de desgaste que foram deixadas na minha saúde.
Sobre a exposição do caso, a gaúcha explicou que levou tempo para fazer a denúncia por ter medo do vazamento da história.
Me recuso a entrar nessa caixa de vítima e não sair mais. Sou muito mais do que isso
TITI MÜLLER
— Tinha certeza da revitimização que aconteceria e que está acontecendo comigo. Cada vez que o caso é citado publicamente, dá um frio na barriga. Mas aprendi a lidar com a retaliação por parte do meu agressor e das pessoas, que acontece também por eu estar distante do ideal da vítima perfeita — afirmou.
Por fim, disse esperar ter uma "relação civilizada e tranquila" com o pai de seu filho no futuro.
— Quero que esse assunto ventile, porque me recuso a entrar nessa caixa de vítima e não sair mais. Sou muito mais do que isso. É uma parte da minha biografia que não tenho como negar que existe – e que vou poder falar que existiu em breve. Espero que fique no passado e que mude.
Liminar que a proíbe de falar
Em fevereiro, Titi revelou que a Justiça a proibiu de falar sobre o ex-marido e de sua família nas redes sociais. Também no videocast da escritora Tati Bernardi, do Uol, ela revelou que há uma liminar que a impede de falar, de forma ofensiva, sobre o Tomás e familiares dele.
— É cansativo porque qualquer coisa que falei pode ser usada contra mim. Desde que entrou a liminar, não a quebrei nenhuma vez, apesar de achá-la absurda. Mesmo assim, foi pedido para que a multa fosse executada mais de 10 vezes até agora, inclusive por eu dizer que sou mãe solo e por ter falado do caso da Luana Piovani. É um lance de vencer pelo cansaço. Se essa liminar não cair, não sei com o que vou trabalhar — relatou à Marie Claire.
Defesa de Tomás Bertoni
À revista, a equipe de defesa de Tomás nega as acusações de violência física e patrimonial e afirma que ele foi induzido por uma advogada de mediação durante o divórcio e chantageado por Titi a assinar o termo em que confessa as agressões que não teria cometido. A defesa alega, portanto, que o documento "nunca teve validade". Um inquérito investiga se houve irregularidades na atuação da advogada.