Seja para empinar o bumbum, suavizar uma celulite profunda e incômoda ou deixar o visual do derrière mais homogêneo, uma das soluções em alta nos consultórios de dermatologistas é a aplicação de bioestimuladores de colágeno. Com o uso de agulhas ou cânulas, a técnica promete compensar perdas naturais de colágeno na região e deixar os glúteos com um aspecto mais firme e lisinho.
Para entender como funciona, quanto tempo dura e outras dúvidas envolvendo o procedimento, conversamos com a dermatologista Lia Dantas, que trabalha com a técnica em Porto Alegre e é professora de dermatologia na faculdade de medicina da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos).
— No bumbum, um dos principais sinais do envelhecimento é a flacidez. É uma região que não perde tanta musculatura ou gordura com o passar do tempo, mas a pele vai ficando mais flácida. Com isso, as estrias e a celulite vão piorando, mesmo em alguém que tem hábitos saudáveis e faz atividade física regularmente. Isso ocorre porque as marcas aparecem mais quando a pele está mais flácida, mais mole — aponta Lia.
O que é
O bioestimulador de colágeno é uma substância que, quando injetada em algumas camadas da pele, estimula a produção natural de colágeno. Atualmente, são utilizados o ácido poli-L-láctico (alguns exemplos são Sculptra, Rennova e Elleva), a hidroxiapatita de cálcio (Radiesse) e a policaprolactona (a Ellance) para o procedimento. Eles costumam vir em pequenos grãos, que são aplicados no bumbum diluídos em água destilada ou soro.
— A diferença está na estrutura química, mas as três substâncias fazem a mesma função, que é a de ativar o sistema imunológico, aumentando a migração dos fibroblastos (células de defesa) para capturá-las, já que nosso organismo as entende como “corpos estranhos”. Com isso, há a produção de colágeno e o aumento da firmeza da pele — explica Lia.
Aplicação
Existem duas técnicas para a aplicação do bioestimulador no bumbum: com agulha ou com cânula, que é uma espécie de caninho mais comprido e com ponta redonda (romba), para evitar perfurar regiões indesejadas.
— Dá para fazer com agulhinha, mas é uma técnica bem mais dolorosa, porque temos que fazer várias picadas. Ou então a gente faz um furo com agulha e entra com a cânula nesse orifício, despejando a medicação na região próxima à derme, que é onde ocorre a maior produção de colágeno — pontua a dermatologista.
Efeitos
A depender de como e onde for aplicado, o bioestimulador pode provocar diferentes mudanças. Em uma paciente cujo problema é a celulite disseminada por toda a nádega de forma uniforme (difusa), exemplifica Lia, é possível injetar a mesma quantidade de produto por toda a região, para que haja um resultado homogêneo.
Também se pode priorizar áreas específicas do bumbum, como para amenizar o afundamento lateral da nádega.
— Nestes casos, a gente coloca uma quantidade maior do produtor no local em que está faltando estrutura. Fazemos isso para que esta região seja mais estimulada e a profundidade diminua — afirma Lia.
Se a ideia é empinar os glúteos, aplica-se uma quantidade maior na parte superior dessa área. O ativo também pode ser um aliado para melhorar o aspecto de regiões com estrias. Isso porque elas são cicatrizes e, em uma pele flácida, ficam ainda mais aparentes.
— Com o bioestimulador, a pele fica mais tensionada. E caso a paciente tenha áreas do glúteo com mais estrias do que outras, concentramos mais produto naquela região. O mesmo vale para a celulite. Às vezes, a paciente tem duas ou três mais profundas e a gente coloca mais quantidade do bioestimulador para melhorar esta pele, compensando as irregularidades — descreve.
O resultado é visível em torno de três a seis meses após a aplicação, explica a dermatologista. É depois desse tempo que começa a haver produção de colágeno suficiente para causar um efeito visível.
Quem pode fazer
A paciente que melhor se beneficia do bioestímulo de colágeno, segundo Lia, é aquela que já tem um bom tônus muscular.
— A flacidez pode ser facilmente percebida quando, embaixo da nádega, começa a se formar aquela “bananinha”. Ou quando, apesar de ter um tônus muscular bom, a pessoa começa a ter piora no aspecto da celulite e da estria, que ficam mais marcadas.
Faixa etária
Segundo a dermatologista, todos os estudos sobre o procedimento são realizados com pessoas a partir dos 18 anos de idade. No entanto, como a mulher tende a começar a perder colágeno somente a partir do período entre os 25 e 30 anos, não há motivo para fazer o procedimento antes dessa idade.
Outro ponto que deve ser levado em consideração diz respeito ao período da menopausa, quando a capacidade de estimular a produção de colágeno diminui. Ou seja, mesmo realizando o procedimento, o resultado pode não ser tão satisfatório quanto antes.
— Para pacientes em torno dos seus 40 anos que estão se preocupando mais com essa questão do bumbum, que perceberam que isso é algo que vai incomodar, eu sempre oriento tratar antes de entrar na menopausa, porque depois a pele responde de uma forma mais lenta — alerta Lia.
Contraindicação
Pessoas que têm alguma infecção ativa no local a ser feita a aplicação não devem se submeter ao procedimento, bem como as alérgicas a algum dos componentes da fórmula. Também não pode fazer quem tem doença autoimune ativa, como lúpus e atrite reumatoide.
— No caso dessas doenças, a recomendação é que não seja feito procedimento injetável, pois pode acabar sendo ativada a produção de novos anticorpos — explica.
Número de sessões
A quantidade de sessões depende do grau de flacidez, mas costumam ser necessárias de uma a três sessões. Lia explica que esse número é o que determina o custo do procedimento.
— Em geral, utilizamos uma ou duas ampolas por sessão, mas, nos casos mais graves, chega-se a utilizar duas em cada nádega. Para dar um exemplo de preços, cada ampola parte de cerca de R$ 2,5 mil — estima Lia Dantas.
Duração
O efeito do bioestimulador costuma durar de um ano e meio a três anos, conforme a profissional.
— Como é o estímulo do próprio colágeno da pessoa, é uma questão muito individual. O tempo que vai durar e o efeito dependem de quanto colágeno a pessoa consegue estimular na sua pele — afirma a dermatologista.