Num país de dimensões continentais, a riqueza de produtos naturais é tão grande quanto. O Brasil é rico em alimentos com sabores, aromas e propriedades únicas. E, embora sua grandeza e diversidade seja motivo de orgulho nacional, pouco se conhece sobre o que é exclusivamente nosso.
Um movimento de exaltação da gastronomia brasileira vem ganhando força nas cozinhas modernas e é levado para o mundo através de entusiastas da culinária nacional, como os chefs Alex Atala e Helena Rizzo. Seus restaurantes premiados levam produtos tipicamente brasileiros para menus de alta gastronomia, como o famoso Pirarucu com Tucupi e Tapioca, prato do D.O.M feito com peixe das águas doces do Amazonas e o suco fermentado da mandioca.
Seguindo essa linha, escolhemos 6 alimentos que representam a diversidade gastronômica do Brasil para aprofundar suas histórias e relevância na cozinha nacional.
1. MANDIOCA
No Rio Grande do Sul, estamos acostumados a consumir o aipim ou mandioca de mesa. Na Região Norte, no entanto, é comum a mandioca brava, uma raiz que difere das outras por conta da sua maior concentração de cianeto de hidrogênio (HCN).
O HCN é um composto altamente tóxico e pode provocar até a morte. O consumo da mandioca seguro para o ser humano é de até 0,5 mg de HCN por quilo de produto. Para isso, é preciso cozinhar a mandioca brava por 50 horas, depois moer e torrar, até que seus derivados possam ser consumidos com segurança.
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Um dos pratos típicos das culinárias do Pará e Amapá é a Maniçoba, feito a partir da folha da mandioca brava. O prato de origem indígena é cozido por aproximadamente uma semana para retirar todo ácido cianídrico e é preparado com os mesmos ingredientes de uma tradicional feijoada.
2. MEL
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No Brasil, há mais de 300 espécies de abelhas nativas sem ferrão que produzem variados tipos de mel. Diferente das abelhas europeias e africanas que guardam o produto em favos, as brasileiras armazenam o mel em potes e que, assim como o vinho, varia conforme características da região.
O solo, o clima e as flores que as abelhas visitam interferem no resultado final do mel, do mesmo jeito que as espécies. A jataí, por exemplo, produz um mel doce e delicado, enquanto a uruçu entrega um produto doce, com tons de amêndoas e corpo ácido. Há até versões de mel mais azedos.
3. PIMENTAS
Existe uma variedade de pimentas brasileiras, mas entre elas se destacam quatro espécies bem distintas entre si: malagueta, dedo-de-moça, bode e biquinho.
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A pimenta bode é originária de Recife, muito usada no norte e nordeste, é ideal para molhos. Suas características de alta picância e, ao mesmo tempo, um aroma frutado, é a cara do Brasil tropical. Já no sudeste do país, a pimenta nativa mais comum é a biquinho: uma espécie que não apresenta muita ardência, por isso é bem comum em conservas ou até mesmo pura.
4. JAMBU
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O jambu é uma erva típica do norte do Brasil, muito usada como condimento na culinária da região. Um dos pratos típicos preparados com o ingrediente é o Pato no Tucupi, uma união da culinária portuguesa com a amazônica. Ele está presente até mesmo em pizzas com muçarela.
Mas não é somente na cozinha que a flor da planta é usada. Ela tem propriedades medicinais anestésicas. Ao mastigar as folhas, tomar chá ou cachaça de jambu, a boca fica dormente por alguns minutos. É muito usada pelos nativos da Amazônia para aliviar dores de dente.
5. CACAU
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O cacau já é conhecido por todos, muito por conta do seu subproduto, o chocolate. O que muitos não sabem é o processo feito para a fruta se transformar no doce. O pó de cacau, como conhecemos, é feito a partir da fermentação, torrefação e moedura da semente da fruta.
E, diferente do que se imagina, o cacau não é nada doce. Pelo contrário, é bastante amargo. Por isso, o processo de fermentação é essencial para a redução do amargor e para realçar os sabores e aromas da semente. Inclusive, esse é o principal processo para obter um chocolate de qualidade, sendo irreversível caso não seja feito corretamente.
6. PINHÃO
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Para nós gaúchos, comer pinhão no inverno virou tão tradicional quanto tomar chimarrão. O pinhão brasileiro, como conhecemos, vem das árvores Araucárias, que não dão frutas. A pinha que enfeita nossas mesas de Natal é, na verdade, a semente da árvore. E o pinhão é a parte comestível dessas sementes.
Das 19 espécies de Araucárias existentes, apenas três dão pinhão e uma delas é originária da região sul do Brasil. Por isso é tão comum ver a iguaria na culinária gaúcha, como o carreteiro de pinhão, ou até mesmo nas festividades no período de inverno.