O termo restaurante surgiu no século 16 e está intimamente ligado às palavras restaurar e revigorar. Além disso, seu maior talento é, sem sombra de dúvidas, a socialização. É no seu restaurante favorito, comumente de bairro, onde você conhece o dono, o garçom, tem a sua mesa preferida e o prato que você mais gosta, que acontecem as manifestações mais gostosas de sociabilidade. Comemorações, risadas, brindes e aquelas refeições inesquecíveis.
Em Porto Alegre, o meu restaurante de bairro, o primeiro lugar que eu quero ir quando chego na terrinha, é o Komka. Era lá que eu já chegava de braços abertos para abraçar o Deco! Procurando a minha mesinha favorita e já pedindo a polenta frita, o salsichão e o vazio malpassado no espeto. Foi lá, que há tão pouco tempo, reunimos a família toda para celebrar a vida. Minhas afilhadas, Luiza e Helena, sentadas no meu colo, gargalhando e exercendo o seu direito de ser feliz. Muita polenta frita cruzando para lá e para cá por cima da mesa. Salsichão, salada de batatas, massinha caseira! E, claro, o melhor sagu das galáxias no final. Cenas para não se esquecer. Cenas que se quer relembrar, que se quer reviver.
Resolvi, nesta semana, não reabrir, por enquanto, o meu restaurante, o Sud, o pássaro verde, no Rio de Janeiro. Ainda que as autoridades acenem com a possibilidade e a autorização para que isso aconteça, não acredito, entre outras coisas, que estas cenas, que não me saem da cabeça, já possam ser revividas. E assim sendo, perde-se a parte mais gostosa da palavra restaurar. Não me vejo, por exemplo, chegando no Komka sem abraçar o Deco demoradamente. Sem a Luiza sentada numa das minhas pernas, e a Helena na outra. Sem garfos brigando pelo último pedaço de polenta frita. Ainda temos um tempo nesta travessia que há que se caminhar sozinho. Talvez ela nos ajude a acreditar num futuro para os restaurantes, mais condizente com o seu verdadeiro significado. Enquanto isso, Deco, por favor, reserva o meu sagu aí!