Me considero um torrense. Além de ter sido encomendado lá, mal tinha saído do hospital e meus pais já foram comigo para a praia passar o verão. Quase nascido, porém criado na mais bela praia gaúcha.
As minhas lembranças envolvem Torres. As minhas amizades mais fortes foram formadas lá. A primeira sessão de surfe foi no cantinho dos molhes, meu irmão remando na frente e me rebocando agarrado no leash dele. Eu rebocando o Lucas, que rebocava o Martin, que trazia o França.
Meu primeiro picolé também foi nas areias da Praia Grande. Torres sempre me deu fome. Até hoje, o Valmor, o tio do picolé, quando me vê na beira da praia pergunta “Vai um corneto, Diogo?”.
Ele ainda não perdeu o costume de, ao final de cada dia de praia, parar o carrinho na frente da minha casa, sentar no cordão da calçada e ficar buzinando a cornetinha na tentativa de vender mais alguma coisa. Sempre consegue. Antigamente, ele me tirava do “fute” no terreno, que atualmente tem um prédio. Hoje, ele me tira do cochilo da tarde.
Meu primeiro milho com manteiguinha e sal também foi lá, na barraca do Seu Pedro (hoje, do Inácio, filho dele). Assim como a minha primeira batidinha de coco, a primeira caipira e a primeira cerveja, tudo na conta dos meus pais.
Continuo não resistindo aos pastéis da Rosinha, uma moça querida que tem a mesma cara e energia, que passa vendendo os quitutes bem quentinhos em todos os guarda-sóis.
Minha mãe tem uma amiga que quando me encontra pergunta se quero um algodão doce, reflexo da minha fase de inapetência, e que talvez tenha sido uma das primeiras iguarias que topei comer na beira da praia.
Uma fratura também foi conquistada no calçadão de Torres, andando de bicicleta com o Marcos. Tudo isso certamente ajudou a formar meu caráter e me tornar o cara que sou.
O legal é que a história se repete, meu irmão também teve todas essas primeiras vezes, em seguida introduziu Torres para os filhos dele. Agora, eu vejo o Francisco, meu filho, fazer tudo isso. Em Torres. Como não amar o verão!
destemperados
Viva o verão | Diogo Carvalho
Diogo Carvalho
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