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Milhões de plays nas plataformas de música, sucesso de visualizações no YouTube e shows que arrastam multidões. MC Cabelinho é sucesso absoluto, mas seu talento transcende as performances musicais. A TV Globo vem apostando no artista em outras vertentes, e já o escalou para duas novelas: Amor de Mãe (2019) e Vai na Fé (2023).
– Até hoje, eu não entendo o carinho que a Globo tem por mim – comenta o artista, que acaba de lançar seu primeiro filme, Confia: Sonho de Cria, disponível desde o último sábado, dia 8, no Globoplay.
Para os roteiristas Renata Sofia, Fabricio Santiago e Pedro Alvarenga, nunca houve dúvidas sobre o potencial de Cabelinho. Já nas primeiras leituras de Vai na Fé, o trio que colaborava com Rosane Svartman na novela das sete já sabia que ter o nome de MC Cabelinho em alguma produção era sinônimo de sucesso.
– O Hugo era um personagem pequeno, mas o Cabelinho cresceu. Vimos que sempre tínhamos um retorno bom com o personagem. Um dia, quando saía do Projac (Estúdios Globo), tinha atores conversando, trocamos uma bola e eu disse que ele arrastaria uma multidão para o cinema e que a gente deveria escrever um filme para ele – relembra Renata, que destaca o sucesso do personagem de Cabelinho na trama, tanto que, para parte do público, era “a novela do Cabelinho”.
Essas primeiras conversas foram o embrião do que logo se tornaria um filme, protagonizado por Cabelinho e Malía, mais uma artista que se divide entre a música e a atuação. Confia: Sonho de Cria conta a trajetória de Nando, um jovem morador do PPG (complexo de favelas carioca formado por Pavão, Pavãozinho e Cantagalo), que trabalha como entregador em uma lanchonete de Copacabana e sonha em ser uma estrela do trap, mas não tem muitas oportunidades.
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Semelhanças
Nascido Victor Hugo Oliveira do Nascimento, MC Cabelinho também é cria do Cantagalo-Pavão-Pavãozinho, mas as semelhanças com o personagem do filme não param por aí.
– Nando tem muita coisa que me lembra meu passado, como o lance de ele estar presente com a avó, fui criado por ela numa época. Entregava comida com ela pelo morro – revela o artista, completando:
– Eu fui esse menor sonhador. Sempre quis cantar, ter o meu espaço na música, ter o meu espaço na cena. Mas, assim como o Nando, também teve uma época em que eu precisei fazer outros corres. E eu já fiz de tudo um pouco. Já ajudei meu tio a instalar persiana na casa das pessoas, já trabalhei em oficina mecânica, já fui estoquista de loja e já vendi papel de presente nas ruas de Copacabana na época do Natal. Eu já cantava, soltava as minhas músicas na internet. Mas ainda não dava para eu viver de música naquele momento.
Um dos trunfos do filme é mostrar ao público uma periferia para além do crime e da violência, como a maioria das produções que tem as comunidades como cenário.
– Fico feliz que o roteiro não precisou citar nada de crime. As pessoas já olham para a gente achando que quem é da favela é traficante, e o Nando não tem nada a ver com isso – elogia Cabelinho.
Para os roteiristas, é importante jogar luz sobre as pessoas batalhadoras das comunidades.
– Desde o início, a gente teve essa preocupação de fazer um filme que representa a favela como esse lugar onde é possível se sentir realizado e viver afetos. Queremos mostrar o lado mais luminoso e positivo desses personagens – destaca Fabrício Santiago.
Estreante
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Em seu primeiro trabalho como atriz, a cantora Malía revela que sempre se imaginou atuando, mas até então, não havia surgido algo que fizesse seus olhos brilharem, como aconteceu com Confia:
– Queria um projeto que me deixasse confortável nesse lugar, e com esse filme eu encontrei isso. É um filme que gostaria de ter assistido quando fiz 15 anos.
Malía interpreta Jaque, jovem que cruza o caminho de Nando e o incentiva a lutar por seus sonhos.
– A Jaque tem fome. Ela é apresentada no filme assim e eu gosto muito dessa definição. Então, quando o Nando se vê sem chance, ela cria uma chance para ele. Ela é uma pessoa que nunca teve oportunidades, então, se acostumou a criar as próprias oportunidades. Onde ele não vê um caminho, ela inventa – do pior modo possível, mas ela inventa – resume Fabrício.
Espaços ocupados
Diretor do longa, Fabio Rodrigo ressalta a importância de ter artistas como Cabelinho “furando a bolha” e se aventurando para além da música:
– Esse exemplo que a gente usa do Cabelinho estar expandindo a arte para outras áreas, acho que serve como inspiração para todos nós enquanto seres humanos. Às vezes a gente é colocado em certas caixas. Eu acho que isso abre portas e portais para todos nós experimentarmos novos lugares.
Cabelinho complementa:
– Já estamos furando a bolha desde o momento que tem favelado na Globo. Por mais que sejam poucos, ainda assim tem gente lá representando nosso funk, trap, levantando nossa bandeira. E eu acredito que vai aumentar cada vez mais. Estamos trabalhando para isso. Vamos furar muita bolha ainda, pode ter certeza.