A exibição dos dois primeiros episódios da série The Idol no Festival de Cannes na segunda-feira (22) não teve uma recepção bem-sucedida. A crítica especializada internacional detonou a obra, citando o ponto de vista masculino adotado e as cenas de sexo explícito.
A série tem direção de Sam Levinson, criador de Euphoria, e é estrelada por Lily-Rose Depp e The Weeknd (Abel Makkonen Tesfaye, como quer ser chamado agora), que também é cocriador e produtor de The Idol.
De acordo com o portal The Hollywood Reporter (THR), a exibição foi seguida por cinco minutos de aplausos da plateia, o que seria a média para o festival. Levinson teria segurado as lágrimas durante o discurso de agradecimento e se disse orgulhoso do trabalho. Confira abaixo alguns trechos das críticas publicadas em grandes veículos.
Crítica de The Idol
Peter Debruge, da revista Variety, definiu a série como uma "fantasia masculina sórdida", "que perpetua o mito de que popstars são fantoches corporativos sem nenhuma agência sobre a própria imagem." Ele ainda descreve o tratamento dado a Jocelyn (Lily-Rose) na série pelo diretor como vergonhoso. Em outro artigo da mesma publicação, é relatado que "fotos pornográficas de fluidos corporais espalhados pelo rosto de Depp e uma cena de masturbação envolvendo cubos de gelo" estão nos primeiros episódios.
Kyle Buchanan, do jornal The New York Times, tuitou: "The Idol ou 50 Tons de Tesfaye. Uma odisseia pela homepage do Pornhub, estrelada pelas aréolas de Lily-Rose Depp e pelo rabinho sujo de The Weeknd. Amo que essa série vai ajudar a lançar a reformulação da HBO Max, deve se encaixar perfeitamente ao lado de Em Busca da Casa Perfeita!"
Lovia Gyarkye, do THR, questionou a tentativa de se vender a série como controversa. "Esta série é mais regressiva do que transgressiva. Sempre acho meio suspeito quando produções tentam se vender como ousadas. O que elas estão tentando provar? Este esforço óbvio para fazer The Idol parecer controverso teve um final irônico. (...) A série, inicialmente vendida como uma exploração do lado perturbador de Hollywood e da indústria da música, tornou-se aquilo que pretendia satirizar. Ao invés de criticar sutilmente o lado exploratório e misógino da indústria, The Idol se tornou uma história de amor perturbada — o tipo de coisa com o qual um cara tóxico sonha."
Mary McNamara, do jornal The Los Angeles Times, descreveu a série como pornô. "Assim como Euphoria, The Idol tem uma tendência a fazer cenas de sexo explícitas, colocar seus personagens em looks incríveis e retratá-los como autodestrutivos. (...) Com muitas cenas sexuais explícitas até para os padrões da HBO, o termo 'pornografia' não é inadequado para descrever a série, embora seja difícil imaginar que alguém acharia essas encenações eróticas quando elas são tão exageradas."
The Idol estreia em 4 de junho. A série foi alvo de polêmica após uma reportagem da revista Rolling Stone relatar uma suposta crise nos bastidores. A produção teria passado por problemas financeiros, diversas demissões e diferenças entre os realizadores para definir a linha criativa.
The Weeknd chegou a responder ao artigo com uma provocação a Rolling Stone no Twitter, mostrando uma cena da série em que a revista é classificada como "irrelevante".