
Rosto presente em grandes sucessos da teledramaturgia da década de 1980, Paulo Castelli hoje está bem longe dos holofotes. Considerado um galã no período, atuando em novelas como Tititi, Bambolê e Roda de Fogo, o gaúcho de Porto Alegre hoje tem 64 anos e se dedica à geriatria. No início da década de 1990, ele abandonou a atuação para se trabalhar exclusivamente com Psicologia e cuidado de idosos.
Em entrevista à revista QUEM, Castelli contou que é administrador de um hotel e residência para idosos em Barueri (SP), onde vive com a mulher, a Dra. Sandra Maria Garaude Greven, as três filhas e uma neta. O interesse pela terceira idade aflorou após fazer um mestrado em Gerontologia. Agora, sua maior preocupação é fazer com que as pessoas ao seu redor "se sintam bem".
— Resolvo conflitos, converso com hóspedes que não estão saindo do quarto para fazer com que eles retomem a socialização, organizo as atividades físicas e intelectuais... Por meio do trabalho de ator, as pessoas me encheram de carinho. Como psicólogo senti que essa relação de carinho com o outro ficou ainda mais sólida. É lindo poder ajudar as outras pessoas. Muitas chegam aqui deprimidas, distantes e sem conexão com a realidade, mas se encontram novamente — conta ele, que acrescenta que "proporcionar cuidados médicos e psicológicos na vida de uma pessoa me alimenta e me faz mais feliz".
Apesar de estar realizado com a profissão, Castelli diz que sente certa saudade de atuar, porque foi uma época divertida em que tinha apresentações pelo Brasil, desfiles como modelo e participação em bailes de debutante.
— Tenho lembranças ótimas. Ao mesmo tempo que tenho saudade e não tenho nenhuma queixa como ator, se alguém me perguntasse se eu gostaria de voltar a atuar, diria que estou envolvido com outros desejos agora — comenta.
Sobre o período em que foi ator, ele acredita que a carreira tomou outra proporção quando foi para a TV.
— Lembro de uma ocasião em que não achei vaga dentro do estacionamento da emissora, e deixei o carro na rua. Quando desci do carro, uma multidão foi me cercando. Eu não conseguia mais andar e atravessar a rua. Pensei: "Meu Deus, o que é isso?". Os seguranças da emissora foram me ajudar porque tinha gente querendo puxar até meu cabelo (risos) — relembra.
Para lidar com tanta tietagem, Castelli recorda que precisou buscar terapia, pois se sentia "angustiado com a mudança e a exposição".

— Toda a pessoa que se envolve muito com a mídia, seja ator, cantor ou influenciador, precisa fazer terapia para voltar à sua verdadeira posição, para não se perder e não achar que é um pouco mais que um ser humano. Quando a pessoa começa a se achar, ela comete erros que podem prejudicar até sua carreira. É bom ter alguém capacitado para trabalhar a ansiedade e a carência que as pessoas jogam em você — explica.
Castelli acabou optando por fazer faculdade de Psicologia na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e foi rejeitando papéis na TV. Ele fazia bate e volta para conciliar o trabalho como ator, já que morava no Rio de Janeiro.
—Acabei o primeiro ano na faculdade e me saí bem. Pensei: "Agora a faculdade é primordial". Veio o Plano Collor, perdi muitos projetos por causa disso e lentamente fui me afastando da carreira de ator e não renovando o contrato com a TV. Depois surgiam propostas tentadoras, mas rejeitei algumas e com o tempo isso foi desaparecendo — finaliza.