Primeiro videogame com intervalo entre suas diferentes fases, Space Invaders Part II (1979) foi uma das inspirações para a criação de Esquadrão 51, game digital idealizado e roteirizado no Rio Grande do Sul por Márcio Rosa, nome à frente do estúdio de desenvolvimento de jogos independentes Loomiarts. Assim como sua fonte de inspiração estrangeira, Esquadrão 51 pertence ao gênero shoot’em up, termo utilizado para definir os "jogos de navezinha" populares na época do Atari.
A narrativa se passa no início da década de 1950, quando discos voadores alienígenas instalam um gigantesco empreendimento comercial na Terra, escravizando a humanidade. É aí que surge um grupo de rebeldes chamado Esquadrão 51, formado por pilotos de aviões de guerra de todas as partes do mundo.
– Esquadrão 51 conta a história de uma guerra em que os humanos são o esquadrão de aviões, e os alienígenas são os discos voadores – explica Rosa.
O que diferencia Esquadrão 51 dos outros shoot’em up é a forma como flerta com o cinema: a narrativa do jogo é contada por meio de "cutscenes" – cenas que intercalam as fases do jogo – que foram gravadas em estúdio, com atores reais, prática que caiu em desuso ao longo dos anos 1990. A referência estética do game, do figurino à maquiagem, veio dos filmes de ficção científica dos anos 1950. No elenco estão, entre outros, Oscar Simch, do espetáculo Homens de Perto.
– A ideia é trazer esses recursos esquecidos das plataformas, tanto do cinema quanto do videogame, para criar uma coisa nova – explica Matheus Piccoli, sócio da Fehorama Filmes, responsável pela produção executiva de Esquadrão 51.
Cenas serão complementadas com computação gráfica
O projeto foi inteiramente rodado em chroma key (a popular tela verde) nas dependências do Centro Tecnológico de Audiovisual da PUCRS (Tecna), em Viamão, ao longo de seis dias. Envolve cerca de 60 pessoas entre a pré e pós-produção. Às cenas gravadas serão adicionados elementos futuristas construídos por meio de computação gráfica.
– As sequências captadas serão incorporadas para complementar a experiência do jogador e acrescentar dramaticidade ao enredo, antes e depois de cada uma das fases – acrescenta Felipe Iesbick, da Abóbora Filmes, responsável pela direção das cenas.
A pós-produção sonora e musical ficará por conta do Kiko Ferraz Studios, completando o time 100% gaúcho que já conquistou o prêmio de melhor direção de arte no SBGames, em Curitiba, e participou do Games Developers Conference, em San Francisco (EUA). Esquadrão 51 tem previsão de lançamento para março de 2019, nas plataformas Nintendo Switch, Xbox One e PC. A ideia é, mais para a frente, dublar as cenas em outros idiomas, para garantir a internacionalização do projeto.
– Acho que o grande diferencial do Esquadrão 51 é unir os games e o cinema de uma maneira muito singular, que imagino que vai unir públicos diferentes, agradando tanto os gamers muito vidrados quanto o público mais leigo, que é mais fã de cinema – celebra Giordano Gio, da Fehorama.