– Porto Alegre está para ver uma coisa inédita em termos de grito de mulher – comentou Fabiano Dias, 37 anos, enquanto esperava o começo do show do Maroon 5 na noite desta quarta-feira ao lado da mulher, Ana Paula Carnetti, 34 anos.
Esta repórter não sabe se algum recorde de gritaria foi quebrado nesta noite, mas é fato que a mulherada foi ao delírio quando Adam Levine apareceu no palco montado no estacionamento da Fiergs, pontualmente às 21h30min, de jeans, camiseta preta, casaco preto e branco e cabelo platinado.
– Manda nudes! – bradavam algumas garotas, animadas.
– Gostoso! – gritavam alguns caras, entre risadas.
Mas o homem mais sexy do mundo (em 2013) não é só um rostinho bonito. O muso-vocalista conduziu com charme e competência (e alguns desafinados, é verdade) a apresentação de 1h30min da banda californiana – a primeira de uma série de sete no Brasil – sob uma chuva insistente. Se há algo a reclamar, talvez seja a previsibilidade: o setlist foi igual ao dos últimos shows da turnê latino-americana, que já passou por México, Colômbia, Argentina e Chile.
A função começou com Animals, faixa do último disco da banda, V (2014). Mas foi com uma das antigas que o público realmente se soltou: This Love, o primeiro grande hit do grupo, do álbum Songs About Jane (2002).
Se semana passada os Rolling Stones capricharam no gauchês, Adam não repetiu Mick Jagger. A única palavra em português que falou foi "obrigado". Argumentou que o idioma é muito difícil e bonito demais para que ele estragasse falando alguma outra coisa. Por diversas vezes, elogiou o Brasil, lugar do mundo em que, segundo o cantor, eles se sentem "mais bem-vindos" e onde as pessoas "realmente apreciam a música".
Depois de terminar a primeira parte do show com Daylight, a banda voltou ao palco para entoar a bela balada Lost Stars, canção que Adam interpreta no filme Mesmo Se Nada Der Certo (2013), indicada ao Oscar no ano passado.
A trinca final foi arrasadora. A clássica She Will Be Loved foi quase toda acústica, com grande participação da audiência. A empolgante Moves Like Jagger colocou todo mundo para dançar, mesmo que perca um pouco de impacto sem Christina Aguilera. E a romântica Sugar terminou o show cantada em uníssono – em meio de muita gritaria, já que Adam apareceu sem camisa.
No meio da música, inúmeras garotas já começaram a se encaminhar para a saída, dançando e cantarolando na chuva como se fossem crianças.
A assessoria de imprensa informou que todos os 30 mil ingressos foram vendidos, mas nenhuma das duas pistas estava lotada. Mesmo assim, depois de passar os portões, a vida virou um infernocomo de costume nos shows realizados no estacionamento da Fiergs.
Se desta vez o som não deixou a desejar mesmo nos fundos da pista normal, o escoamento do público foi precário na Avenida Assis Brasil, em especial no sentido Bairro-Centro. Além do congestionamento, muita gente passou mais de duas horas esperando algum tipo de condução – ônibus, táxi, carona solidária, o que fosse.
Depois de Porto Alegre, o Maroon 5 segue para Belo Horizonte (11 de março), Salvador (13), Fortaleza (15 de março), São Paulo (17 e 19) e Rio de Janeiro (20).
Veja como foi o show: