Na onda de filmes que abusavam da hiperviolência nos anos 1970, I Spit On Your Grave se destacou por incluir uma mulher como protagonista. Com o sugestivo subtítulo de O Dia da Mulher, o filme trata de uma escritora atacada e violentada por um grupo de homens e deixada para morrer. Só que ela não morre. E quando se recupera, inicia uma impiedos vingança contra seus agressores. No Brasil, o filme virou A Vingança de Jennifer.
Rise Of The Tomb Raider, lançado há pouco para Xbox One, poderia se chamar A Vingança de Lara Croft.
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Volta na história, para 2013, quando saiu o reboot de Tomb Raider. Lara é um garota algo ingênua, mas notadamente frágil, largada em uma ilha cheia de fanáticos religiosos e governada por forças que beiram o sobrenatural. Para sobreviver, precisa lançar mão do que aprendeu como escoteira, improvisando armas e equipamento.
Ela mata, mas mata porque precisa abrir caminho para fugir dali com vida – portanto, não tem escolha. Os mercenários que vão caindo como moscas na ponta de suas flechas são, por assim dizer, danos colaterais.
Não é o caso de Rise Of The Tomb Raider. Agora, Lara mata porque os inimigos são parte de sua missão – no caso, encontrar a tumba de um profeta antigo para limpar o nome do pai. E ela não mata no susto: mata como um profissional. Em uma de suas elucubrações, diz que aprendeu a atirar "bem demais até". Além de atirar bem, ela também usa facas, porretes e pedras, assassinando em combates abertos ou armando emboscadas e armadilhas.
Parece que todo o abuso – físico, mental e espiritual – que a exploradora sofreu no primeiro jogo está sendo cobrado agora. E com juros. Na maior parte do tempo, Lara comporta-se mais como um soldado do que como uma arqueóloga de tumbas. O resultado é um jogo com muito mais ação do que o anterior, o que reflete também na evolução da personagem: a prioridade na distribuição dos pontos de experiência acaba sendo nos itens que a transformar numa combatente melhor, bem como a melhora das armas.
Lara ainda sobe e desce pelo cenário, encontra elementos que desvendam as histórias por trás dos locais onde visita, mas a maior parte do tempo você gasta é metendo bala em bandido. Mesmo as tumbas parecem mais fáceis de solucionar – duas ou três passadas de olho e já é possível saber o que fazer para resolver os puzzles.
De qualquer forma, cada etapa vencida é uma etapa que se inicia e quando você percebe, o galo tá cantando _ engajante e divertido definem. Violento, sim. Mas essa é a Lara dos novos tempos. Goste-se ou não.
Jogatina
Gustavo Brigatti: a vingança de Lara
"Rise Of The Tomb Raider" traz explorada mais violenta e focada
Gustavo Brigatti
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