Uma das grandes promessas do ano, o jogo Metal Gear Solid V - The Phantom Pain chega em setembro. Acompanhada das especulações habituais a respeito de gráficos, jogabilidade e história, um pequeno circo foi armado por causa da personagem Quiet. A gostosona da imagem acima, imagine só, poderia ser um homem.
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A boataria começou quando o criador do game, Hideo Kojima, tentou justificar o visual excessivamente despudorado de Quiet. Em sua conta no Twitter, ele escreveu que as pessoas preocupadas com isso iriam ficar envergonhadas de suas palavras quando descobrissem a razão secreta de tanta exposição. Disse ainda que o jogo trata de "incompreensão, preconceito, ódio e conflitos causados pelas diferenças de língua, raça, costume, cultura e preferências".
A partir disso, surgiu a teoria de que a garota era, na verdade, Chico, um gurizinho que aparece em Metal Gear Solid: Peace Walker e decidiu mudar de sexo. Se Quiet nasceu homem ou mulher, isso a gente só vai saber quando o jogo for lançado. Mas, mais importante do que isso, é a discussão a respeito de inclusão de gênero. Uma discussão que uma mídia como o videogame dá conta, na minha opinião, melhor do que qualquer outra. Porque nos games, diferentemente do cinema, por exemplo, incorporar o personagem e comprar sua história é fundamental.
Essa dinâmica é bem retratada no documentário Gaming in Color, que aborda justamente o universo LGBT nos videogames. Recém-lançado nos EUA, o filme mostra como, apesar de empregar pessoas de todos os gêneros, a indústria dos jogos eletrônicos perde por ser conservadora no que toca à diversidade sexual. Com raras exceções, a maioria dos protagonistas dos blockbusters são homens brancos e héteros - historicamente o público-alvo das desenvolvedoras, mas que vem diminuindo.
Qualquer pesquisa mostra, por exemplo, que mulheres são praticamente a metade dos jogadores. Considerando que a premissa básica para um jogo ter sucesso é gerar identificação e engajamento, nada mais lógico, portanto, do que termos mais protagonistas femininas. O mesmo vale para personagens gays, lésbicas, transexuais, transgênero e afins: quanto maior a diversidade, mais público se atinge - e mais complexo e rico se torna o conteúdo oferecido.
Não se trata, óbvio, de levantar bandeira por cota. Gaming in Color mostra que se os videogames espelham o mundo em que vivemos, as desenvolvedoras não devem se restringir por medo de perder aquele público cativo. E isso não vem de agora: criada em 1989, Poison tem sua sexualidade alterada toda vez que reaparece em algum jogo (ela já foi mulher, travesti, transexual, crossdresser...). Bizarro, no mínimo.
Hoje, a inclusão de gêneros se dá com mais frequência, seja de maneira discreta, como o lutador Kung Jin, de Mortal Kombat X, seja com o pé na porta, como alguns personagens de Dragon Age - Inquisition e The Witcher 3, para ficar em três grandes títulos lançados nos últimos meses.
Claro, você pode pensar em videogames apenas como brinquedo. Mas precisa entender que eles também são plataformas poderosas demais para não discutir temas caros à sociedade em que vivemos. E serão cada vez mais.
Jogatina
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Gustavo Brigatti
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