Quem esperava polêmica, se decepcionou. Ao menos logo de início. À maior plateia reunida na história do projeto Fronteiras do Pensamento - 3 mil pessoas, a lotação do Auditório Araújo Viana -, o biólogo britânico Richard Dawkins realizou uma palestra simples e didática amparada em sua obra mais significativa para a ciência, O Gene Egoísta, que leva a seleção natural passos além do próprio Charles Darwin.
Em cerca de 40 minutos, Dawkins dissertou sobre o que chama de "Corrida Armamentista" (The Arms Race). Um dos seus exemplos mais ilustrativos foi o de uma floresta. Nela, todas as árvores poderiam receber a mesma quantidade de luz se limitassem sua altura a dois metros. Mas o gene mutante de uma delas faz com que ela cresça além das outras. As demais, logo abaixo, também se obrigam a crescer para receber luz.
A floresta, no fim das contas, ultrapassa os 30 metros. Sobrevivem as árvores mais altas. As mais baixas, definham sem luz. Evoluímos como uma plateia em que uma pessoa fica em pé e as demais são obrigadas a levantar também. Ao exemplificar com uma competição entre guepardos e gazelas, o biólogo deu a primeira alfinetada no conceito de design inteligente - a defesa de que Deus existe porque somente alguém divino poderia desenvolver indivíduos tão complexos:
- Quando vemos os músculos de um e a leveza de outro, pensamos: mas de que lado esse designer está?
Quem são os conferencistas do Fronteiras do Pensamento
Cinco livros para entender Richard Dawkins
Ideias
Dawkins inaugura o Fronteiras 2015: "O gene é egoísta, o indivíduo não"
Três mil pessoas que lotaram o auditório Araújo Viana assistiram à palestra didática do biólogo britânico Richard Dawkins
Alessandra Noal
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