Quem garantiu ingresso para os dois shows que Maria Bethânia fará nesta quinta e sexta-feira, em Porto Alegre, irá comemorar com a cantora baiana os 50 anos de uma carreira que, destaca ela, segue mais focada no presente e no futuro do que no passado.
- Não é um show retrospectivo. Passo por canções que são sucessos, mas há muita coisa inédita. Sou eu hoje - diz Bethânia em entrevista a ZH.
A expectativa pelas sessões do espetáculo "Abraçar e Agradecer" no Teatro do Sesi fez os ingressos esgotarem-se com antecedência. A concepção visual da diretora e cenógrafa Bia Lessa é fazer o público percorrer com Bethânia momentos simbólicos de uma trajetória que tem como marco inicial 13 de fevereiro de 1965. Nessa data, Bethânia, recém-chegada da Bahia, estreou no célebre show Opinião, em cartaz no Rio de Janeiro.
No repertório do show (veja abaixo), são contemplados compositores renomados e recorrentes nos registros da artista, entre eles seu irmão Caetano Veloso, Chico Buarque e Tom Jobim, e novos autores que ela costuma garimpar pelo Brasil, como a paraibana Flávia Wenceslau.
- A última canção do show é dela, uma inédita, que se chama Silêncio. É uma compositora extraordinária - afirma Bethânia.
Para poder encaixar as 41 canções que selecionou para o espetáculo, incluindo faixas ainda não gravadas por ela, Bethânia mostrará apenas trechos de algumas. Também lerá textos de autores que lhe são caros, como Clarice Lispector, Fernando Pessoa e Waly Salomão. Entre as novidades, podem ser pinçadas duas canções que ganhou de presente pelos 50 anos de carreira, assinadas por Paulo Cesar Pinheiro e Dori Caymmi: Viver na Fazenda e Voz de Mágoa. Outra música de 2015 é Eu te Desejo Amor, versão de Nelson Motta para uma canção francesa de 1942, incluída na trilha da novela Babilônia.
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Bethânia é acompanhada por Jorge Helder (regência e contrabaixo), Túlio Mourão (piano), Paulo Dafilim (violas e violão), Pedro Franco (violão, bandolim e guitarra), Marcio Mallard (cello), Pantico Rocha (bateria) e Marcelo Costa (percussão). Ausente da lista, Carcará, canção seminal da carreira de Bethânia, interpretada por ela no Opinião, está simbolicamente representada no show em um arranjo especial feito pelos músicos.
Repertório do show
Ato 1
Eterno em Mim (Caetano Veloso, 1996)
Dona do Dom (Chico César, 2001)
Texto de Maria Bethânia
Gita (Raul Seixas e Paulo Coelho, 1974)
A Tua Presença Morena (Caetano Veloso, 1971)
Nossos Momentos (Caetano Veloso, 1982)
Texto de Clarice Lispector
Começaria Tudo Outra Vez (Gonzaguinha, 1976)
Gostoso Demais (Dominguinhos e Nando Cordel, 1986)
Bela Mocidade (Donato Alves e Francisco Naiva, 1997)
Alegria (Arnaldo Antunes, 1995)
Voz de Mágoa (Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro, 2015)
Dindi (Tom Jobim e Aloysio de Oliveira, 1959)
Você Não Sabe (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1983)
Tatuagem (Chico Buarque e Ruy Guerra, 1973)
Meu Amor É Marinheiro (Alan Oulman sobre versos de Manuel Alegre, 1974)
Todos os Lugares (Sueli Costa e Tite de Lemos, 1996)
Texto de Clarice Lispector
Rosa dos Ventos (Chico Buarque, 1971)
Interlúdio
Até o Fim (Chico Buarque, 1978)
O Quereres (Caetano Veloso, 1984)
Qui nem Jiló (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, 1950)
Pisa na Fulô (João do Vale, Silveira Júnior e Ernesto Pires, 1957) - instrumental
Ato 2
Tudo de Novo (Caetano Veloso, 1978)
Doce (Roque Ferreira, 2008)
Oração de Mãe Menininha (Dorival Caymmi, 1972)
Eu e Água (Caetano Veloso, 1988)
Agradecer e Abraçar (Gerônimo e Vevé Calazans, 1999)
Vento de Lá (Roque Ferreira, 2007)
Imbelezô Eu (Roque Ferreira, 2014)
Folia de Reis (Roque Ferreira, 2014)
Mãe Maria (Custódio Mesquita e David Nasser, 1943)
Texto de Waly Salomão
Eu, a Viola e Deus (Rolando Boldrin, 1979)
Criação (Chico Lobo, 1996)
Casa de Caboclo (Roque Ferreira e Paulo Dafilin, 2014)
Texto de Carmen L. Oliveira
Alguma Voz (Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro, 2014)
Maracanandé (canto tupi) - voz em off de Márcia Siqueira
Xavante (Chico César, 2014)
Povos do Brasil (Leandro Fregonesi, 2014)
Motriz (Caetano Veloso, 1983)
Texto de Clarice Lispector
Viver na Fazenda (Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro, 2015)
Eu te Desejo Amor (Charles Trenet e Léo Chauliac, 1942, versão de Nelson Motta, 2015)
Texto de Fernando Pessoa
Non, Je ne Regrette Rien (Charles Dumont e Michael Vaucaire, 1956)
Silêncio (Flávia Wenceslau, 2015)