- O festival entende que a rua, o público e o artista são importantes. Todos estão no mesmo nível, não há hierarquia. Não há no Brasil nenhum festival como este daqui -dizia o jornalista e produtor Leonardo Vinhas, do blog Scream & Yell, segunda-feira, no Zarabatana Café, em meio à jam session que misturou artistas locais com as atrações da quarta edição do Festival Brasileiro de Música de Rua.
Vinhas acompanhou apresentações em várias cidades da Serra que receberam o festival antes de Caxias. Depois de passar por Antônio Prado, São Marcos, Vacaria, Nova Petrópolis, Flores da Cunha, Farroupilha e Bento Gonçalves, neste fim de semana artistas do Uruguai, Venezuela e Peru, de outras partes do Brasil, da cidade e da região se apresentam em praças, ruas, pontos de ônibus e na Estação Férrea, que vai centralizar boa parte das atividades.
Além do encontro de gêneros e criadores, o FBMR promove outras integrações.
- A grande sacada é chegar a pessoas que, talvez, não estejam acostumadas com isso. E percebemos como resposta um carinho, uma intensidade verdadeira. Levamos como que pontos de luz em cidades ricas de história, mas carentes de ver isso - disse o pernambucano Tagore, uma das atrações desta edição.
Assista a um trecho de uma das apresentações:
Rompendo barreiras e fronteiras, o uruguaio Nicolás Molina, da Molina y Los Cósmicos, festeja as misturas de seu folk autoral com as criações do caxiense Spangled Shore, o rock rural da Bob Shut ou as canções da venezuelana Yoyo Borobia.
- Aqui não se busca dinheiro, se busca a integração. Esta é a riqueza que não tem em outros festivais. E ano a ano repercute. Saiu matéria até no El País, de Montevidéu. O que acontece aqui é algo quixotesco - comemora.
Yoyo Borobia também descreve o encontro como de formação e afirmação criativa.
- Estamos perto das pessoas, trocamos ideias, podemos tocar nosso trabalho autoral, o que não acontece em outras apresentações que fazemos. Mesmo com frio, o calor das pessoas nos agasalha.
Essas frentes e frestas possíveis de integração de artistas e público e a intervenção na paisagem cultural das cidades onde se realizam os shows dão novas conotações aos termos "palcos" e "público".
- A verba é pública, o espaço é público e é importante que isso seja o mais democrático possível pois, em geral, o público no Brasil virou privado. Aqui, a rua é espaço público de verdade - acrescenta Vinhas, destacando ainda a qualidade da seleção deste ano do festival:
- O mais estimulante é ter identidade própria. A única música que não se pode mais aturar é a mal feita.
Espectador na primeira edição e hoje integrado à produção executiva do festival, o músico e produtor Jonas Bender Bustince descreve como otimismo o que viveu nestes dez dias de encontros.
- O mais importante é o quanto isso contribui para a cena local, com o intercâmbio e a valorização dos artistas. Isso faz as pessoas verem que a gente produz coisas de qualidade. E poder pegar o ônibus com tanta gente bonita e circular pela Serra é só amor - afirma.
Veja shows deste sábado
10h: Coro Ideau - Praça Dante
10h: Carlos Carty - Praça João Pessoa
11h: Tatiéli Bueno - Praça Dante
11h: Molina y los Cósmicos - Praça João Pessoa
12h: Quarteto New Orleans - Cortejo Avenida Júlio de Castilhos
13h: Valdir Verona e Rafael de Boni - Estação Férrea
14h: Tapete Mágico - Casinha da Gurizada - Estação Férrea
14h: Palestra com Dani Ribas (Sesc São Paulo) - Estação Férrea
16h: Marco Binatti - Casinha da Gurizada - Estação Férrea
16h: Meninas Cantoras de Nova Petrópolis - Estação Férrea
17h30min: Spangled Shore - Estação Férrea
18h: Tatiéli Bueno - Estação Férrea
18h45: Descartes - Estação Férrea
19h15: Molina y los Cósmicos - Estação Férrea
20h05: Jéf - Estação Férrea
21h: Tagore - Estação Férrea