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Regina Duarte é a estrela de Bem-Vindo, Estranho, espetáculo dirigido por Murilo Pasta que terá curta temporada, de sexta a domingo, no Theatro São Pedro, em Porto Alegre.
A peça escrita pela dramaturga britânica Angela Clerkin coloca em cena uma advogada que consegue a absolvição de um sujeito acusado de assassinar a namorada e o traz para casa, onde vive com a mãe. Após a sessão de sábado, haverá um debate da série Vivo EnCena, no teatro, com os atores do elenco. Regina falou a Zero Hora por e-mail.
Zero Hora - A dramaturga Angela Clerkin é relativamente desconhecida do público brasileiro. Que aspectos da dramaturgia dela a senhora destaca?
Regina Duarte - Em Bem-Vindo, Estranho, Angela Clerkin constrói seu primeiro texto teatral com brilho de veterana na dramaturgia. Ela constrói a plataforma de um espetáculo voltado para o entretenimento, mas nem por isso sem propor uma reflexão que o público leva para casa para pensar depois. Com forte densidade de conflitos, diálogos bem construídos, personagens bem delineados, mas nem por isso óbvios, Bem-Vindo, Estranho é um espetáculo que brinda o público de teatro com um primoroso encadeamento das tensões. Coerente com sua proposta de suspense típico dos melhores thrillers, vale destacar, vem carregado de extraordinário senso de humor.
ZH - Em que sentido a realidade dessas personagens de classe humilde de Londres, como apresentada na peça, pode ser comparada com o Brasil?
Regina - A peça fala de gente. De emoções, desejos, frustrações e descontroles de seres humanos. Isso é bastante comum em todo tipo de tribo, em qualquer parte do planeta. A conturbada relação de amor entre uma mãe possessiva e uma filha carente e insegura é base de identificação a todas as plateias. Quando o espetáculo começa, as personagens se veem reféns do charme de um estranho que a filha advogada acaba de conseguir inocentar pelo assassinato da namorada. Seduzida e apaixonada por ele, a filha implora à mãe para que permita que o novo namorado venha morar com elas. A partir daí, instala-se o conflito e a confusão.
ZH - Que tipo de pesquisa ou laboratório a senhora realizou para compor a sua personagem?
Regina - A Jaque, minha personagem, é aquela mãe que todo mundo conhece. É daquelas que acha que solidão é bicho papão e, consequentemente, lança mão de todos os recursos possíveis para prender a filha junto de si, tipo "até que a morte nos separe". Já conheci muitas Jaques na minha vida pessoal, na filmografia e na literatura. Ela é manipuladora e perigosa, mas também absolutamente fascinante.
ZH - A senhora pode adiantar seu próximo projeto?
Regina - O longa que fiz em 2012 com Bárbara Paz, com roteiro e direção de Rafael Primot, Gata Velha Ainda Mia, estreia em 15 de maio no país, inclusive em Porto Alegre. Estou superempolgada em poder partilhar esse trabalho com o público que me acompanha.