Os atenienses não lhe deram ouvidos, mas, desde então, alguns surtos iconofóbicos refletiram a intolerância platônica, com motivação religiosa, como na crise iconoclástica bizantina (711 _ 843 d.C.) ou no puritanismo reformista do século 16. No documentário Arquitetura da Destruição (1989), o diretor sueco Peter Cohen analisa a política estética do III Reich, ditada pela ambição doentia e pela idealização neoclássica de um pseudo-artista medíocre. Hostil às vanguardas do século 20, o führer associou gente como os expressionistas Max Beckmann, Ernst Ludwig Kirchner e Emil Nolde, além de Van Gogh, Picasso e Matisse, a uma ameaça ao povo germânico, e tentou ridicularizá-los na exposição Arte Degenerada (Entartete Kunst), inaugurada em Munique, a 19 de junho de 1937. Nos anos seguintes, milhares de obras de arte consideradas ameaçadoras foram queimadas pelas brigadas nazistas; a vida destes artistas tornou-se um inferno, com perseguições, penúria, depressões, exílios e suicídios. O líder e seus sequazes tinham plena convicção de que faziam um bem a sua nação perseguindo e eliminando a arte moderna, tal como faziam com judeus, ciganos, comunistas e outros grupos heterogêneos.
Uma cidade iconoclasta
Projeto de lei que dá à Câmara de Vereadores papel de curadora de arte pública na Capital desperta polêmica
Em artigo, o historiador Francisco Marshall fala sobre o tema