Cia. Espaço em BRANCO celebra 10 anos com remontagens de dois espetáculos

A Cia. Espaço em BRANCO completa 10 anos remontando dois espetáculos, entre eles um que marcou uma transição na trajetória do grupo e influenciou uma nova geração de artistas porto-alegrenses no uso da linguagem da performance art.

Estreado no final de 2008 e exibido pela última vez em 2010, Teresa e o Aquário retorna em nova versão, com sessões no sábado (15/3) e no domingo (16/3), em dupla com o espetáculo Alice, de 2009, que será apresentado nesta quinta (13/3) e sexta (14/3), ambos no Teatro Renascença, em Porto Alegre.

Não seria exagero dizer que o público pediu essa volta. Financiado coletivamente, o projeto das reencenações arrecadou R$ 7,25 mil entre 106 doadores no site Catarse, ultrapassando a meta de R$ 6 mil.

Também não deixa de ser um reencontro entre os integrantes da companhia, que, nos últimos quatro anos, teve uma produção mais espaçada do que no período anterior. Nesse ínterim, o diretor e ator João de Ricardo morou em São Paulo e agora está de volta a Porto Alegre. A atriz e diretora Sissi Venturin ainda mora na capital paulista, mas tem visitado o Rio Grande do Sul com frequência. O próximo trabalho inédito, A Fome, já está em gestação, ainda sem previsão de estreia. Em um intervalo dos preparativos no Teatro Renascença, João comenta as reencenações que celebram os 10 anos do grupo:

- Consideramos Teresa nosso espetáculo clássico. Foi com ele que começamos a criar uma metodologia que nós mesmos propusemos. Teresa nos deu uma possibilidade de experimentos mais autônomos.

O espetáculo mostra um homem, interpretado por Lisandro Bellotto, que dá um aquário de presente para sua mulher, vivida por Sissi. Em uma performance que não se apoia na estrutura de uma história convencional, os sujeitos que aparecem em cena são mais personas do que personagens com uma psicologia no sentido tradicional. A encenação é descortinada ao público, que pode ver os bastidores. Tudo isso causou uma mistura de desconforto e admiração na plateia.

- Hoje, o público já está acostumado com tudo o que ocorreu no teatro desde então. A aceitação da plateia vai ser outra - observa Sissi, que também atua em Alice, espetáculo solo baseado na obra de Lewis Carroll dirigido por ela, ao qual o público assiste sentado no palco, em torno da performer.

João lembra que a recepção de Teresa, em 2008, foi boa e celebra a repercussão da arte da performance nos últimos tempos:

- Há seis anos, a Marina Abramovic (performer reconhecida mundialmente) ainda não tinha tido sua retrospectiva no MoMA (Museu de Arte Moderna de Nova York).