Ator conhecido na cena gaúcha, Fernando Kike Barbosa, 49 anos, tem experimentado uma guinada em sua carreira teatral. Sem deixar de atuar, tornou-se um prolífico dramaturgo.
No ano passado, estrearam dois espetáculos escritos por ele. Pequenas Violências - Silenciosas e Cotidianas, que retorna a cartaz a partir deste sábado (5/4), no Teatro de Arena, em Porto Alegre, é um trabalho da Cia. Stravaganza sobre um atropelamento sem vítimas fatais contado do ponto de vista de diferentes testemunhas. O texto ganhou o Prêmio Ivo Bender de dramaturgia de 2011, concedido pela Secretaria Municipal da Cultura e pelo Instituto Goethe. No final deste mês, voltará a cartaz Circo de Horrores e Maravilhas, em parceria com Vera Parenza, uma peça de teatro de rua do grupo Oigalê que trata da questão das diferenças por meio de figuras circenses.
Também no próximo fim de semana, segue em cartaz a temporada de estreia de Zona Paraíso, outra parceria de teatro de rua de Kike com Vera que consiste em uma releitura satírica da criação do mundo encenada pelo grupo Povo da Rua.
- Usualmente, o fazer teatral envolve questões de horário e conta com muita gente. Quando escrevo, sinto-me ainda dentro da questão teatral, mas com mais autonomia (do que no trabalho como ator). Mesmo quando crio com a Vera, são menos pessoas envolvidas - observa Kike.
Formado no grupo Ói Nóis Aqui Traveiz, ele trabalhou como ator sob a direção de conhecidos encenadores do Rio Grande do Sul, como Roberto Oliveira, Camilo de Lélis, Decio Antunes e Patrícia Fagundes. Hoje, está estabelecido na Cia. Stravaganza, de Adriane Mottola, grupo que deve estrear, no segundo semestre, um novo texto seu. Intitulado provisoriamente Ser/Estar, marcará a volta aos palcos da atriz Arlete Cunha, há sete anos sem atuar.
- Essa peça vai tratar da passagem do tempo, de onde estamos, quem somos, de nossa identidade. Está surgindo como um fluxo de pensamento - explica Kike, que identifica referências de Ingmar Bergman e de Antonin Artaud em sua escrita teatral.
O outro texto no qual trabalha, ainda sem previsão de estreia, chama-se Inverno e deve ser um monólogo que poderá ter atuação e direção do próprio Kike. Trata de um sujeito no fim da vida que relembra fatos de sua existência. Aqui, há irradiações de Malone Morre, de Beckett, e Leite Derramado, de Chico Buarque.
- Estou feliz nesta nova fase - comemora Kike. - É um processo de descobrimento de novas possibilidades.
Surge um autor
Ator Fernando Kike Barbosa aposta no trabalho como dramaturgo
Kike prepara texto que marcará o retorno da atriz Arlete Cunha, depois de sete anos sem atuar
Fábio Prikladnicki
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