Seria fácil e ao mesmo tempo simplório liquidar o livro, importante e novo, de Gianni Carta, Garibaldi na América do Sul. O Mito do Gaúcho (Boitempo) como mais uma biografia dedicada à personagem que, com fórmula estereotipada e ambivalente, é chamada de "herói dos dois mundos". Há uma questão que atravessa todo o livro e que o autor insistentemente aborda ao longo do estudo: quem é Giuseppe Garibaldi? Pergunta obsessiva, conjugada lucidamente no tempo presente porque, se por um lado ela pode parecer retórica ativando uma corrente de respostas óbvias e lugares comuns enterrados no imaginário, por outro lado a secular distância que nos separa da experiência histórica sob o marco da exceção de Garibaldi tem criado um depósito exorbitante de imagens complexas, de narrativas opacas, de ícones problematicamente decifráveis.
Herói que reúne multidão de fantasmas
Enigma de Giuseppe Garibaldi é a proximidade do mito com a história
Em artigo, professor Roberto Vecchi analisa o livro escrito por Gianni Carta