
Os movimentos e a memória são a matéria-prima da Cia Rústica, de Porto Alegre, que estreia neste sábado o espetáculo Miragem, na Usina do Gasômetro.
Um açougueiro com o avental sujo de sangue espreita na lateral de uma casa. Um vestido azul usado pela rainha de um clube de futebol dos anos 1950 balança, despretensioso. Uma jovem na beira da praia olha as ondas e pensa na vida. O que uma coisa tem a ver com a outra? Nada. Ou tudo, se os objetos que o olhar capturar forem somente uma miragem.
É misturando ficção e realidade que o grupo porto-alegrense Cia Rústica apresenta Miragem, o primeiro espetáculo de seu novo projeto, Movimentos Rústicos. O trabalho foi concebido e dirigido por Marina Mendo e mescla linguagens de dança, teatro e artes visuais. Tudo isso para passear pelos temas preferenciais das pesquisas do grupo, como a reinvenção da memória.
Para criar os efeitos de ilusão de ótica, ou seja, quando o espectador pensa ver algo que não existe, o principal elemento de trabalho do grupo foi a luz. É com ela que os movimentos dos corpos e a composição do cenário tornam-se verdadeiros, como diz o nome, miragens. De acordo com a diretora, o espetáculo recupera e transforma as próprias memórias dos artistas, representadas por meio de objetos deles mesmos, para construir a narrativa.
- O espetáculo é superautoral e diz muito sobre os próprios artistas. O vestido azul sobre o qual construímos algumas narrativas, por exemplo, pertenceu a minha avó. Era ela a rainha do clube de futebol - diz Marina, que integra o elenco ao lado de Marcelo Mertins.
O espetáculo tem direção de cena de Lisandro Bellotto e direção coreográfica de Eva Schul e estará em cartaz na Sala 209 da Usina do Gasômetro (Av. João Goulart, 551), sábados e domingos, às 19h, até 4 de agosto. Ingressos custam R$ 20, com 50% de desconto para estudantes, idosos e classe artística.