Filósofo, historiador e linguista, o búlgaro nacionalizado francês Tzvetan Todorov foi o responsável pela palestra da noite desta segunda-feira no ciclo de altos estudos Fronteiras do Pensamento. Também ganhador Prêmio Príncipe de Astúrias de Ciências Sociais, ele veio a Porto Alegre discorrer sobre sua teoria a respeito do messianismo político.
Autor do recém-lançado Os Inimigos Íntimos da Democracia, Todorov parte da ideia de messianismo, situada entre a cultura grega e o cristianismo primitivo, para explicar ações que, no decorrer do tempo, ameaçaram a ideia de democracia e liberdade - mesmo que, na maioria das vezes, advogassem a seu favor.
O início desse messianismo pode ser detectado na Revolução Francesa e suas consequências - como as guerras napoleônicas que devastaram a Europa e as guerras coloniais, que tinham por objetivo levar para outros povos os ideias de Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
- Mesmo reclamando estes ideais, o messianismo político, que é um messianismo sem messias, utiliza-se de basicamente dois meios para atingir seus objetivos: a revolução e o terror - crava Todorov.
A sequência desse movimento se deu pelo comunismo. Para Todorov, a doutrina comunista herdou as métricas da Revolução Francesa, mudando apenas o seu foco: ao invés de eliminar povos ditos primitivos, propunha a eliminação da burguesia.
- Como todo messianismo, o comunismo acredita que a história possui uma direção definida e imutável - aponta Todorov.
O último estágio desse messianismo pode ser avaliado pelos confrontos modernos. O massacre do Kosovo, a invasão do Iraque e do Afeganistão e a derrubada do governo da Líbia são exemplos de um messianismo político liderado muito pelos EUA.
- Objetivos elevados justificam qualquer meio, incluindo a guerra. Se um país fere os Direitos Humanos, por exemplo, abre-se um precedente para invadi-lo sob o pretexto de salvar as vítimas - pontua Todorov.
O filósofo cita ainda um documento militar norte-americano anterior à invasão ao país comandado por Sadam Hussein que aponta, além da democracia, o direito à "livre empresa" pelos países do mundo. Uma doutrina que deve ser levada a cabo mesmo que custe a vida de milhares.
O Fronteiras é apresentado pela Braskem e tem o patrocínio de Unimed Porto Alegre, Natura, Gerdau e Grupo RBS. O projeto conta com parceria da UFRGS, apoio da Petrobras no módulo educacional e parceria cultural de Unisinos, prefeitura de Porto Alegre e governo do Estado do Rio Grande do Sul
Democracia ameaçada
O messianismo político segundo Todorov
Filósofo, escritor e historiador foi o convidado desta segunda-feira do Fronteiras do Pensamento
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