
Diones Camargo é uma figura rara na cena cultural do Estado.
Com 32 anos, trilhou o incerto caminho dos que resolvem escrever peças de teatro e fazer disso seu ofício. Em meio a uma pujante geração de jovens romancistas e contistas, ele decidiu fazer parte da descontínua tradição dos dramaturgos gaúchos.
> Leia entrevista com Diones Camargo
> Confira trechos inéditos de peças do dramaturgo
Diferentemente de um escritor literário, o dramaturgo não tem como primeiro desafio publicar seus textos. Ele precisa, antes, convencer grupos e diretores a encenar suas peças para comprovar sua relevância. Diones pode se considerar bem-sucedido na tarefa. Escreveu para algumas das principais companhias do Estado. Atualmente, participa de um projeto do Porto Alegre Em Cena sobre a obra de Nelson Rodrigues.
Depois de experiências como ator na adolescência, Diones começou a escrever em 2003, época em que seus pais se separaram. A primeira peça a que assistiu foi A Gaivota, de Tchekhov, em 1994, no Porto Alegre Em Cena. Nascido em Alegrete, teve uma infância sem luxo e se mudou para a Capital com a família.
No currículo, estão dois prêmios de dramaturgia da Funarte. O primeiro deles resultou na encenação de sua primeira peça, Andy/Edie, em 2006, com direção de João de Ricardo, da Cia Espaço em BRANCO. A peça pela qual recebeu o segundo prêmio, em 2007, deverá ser publicada em Cuba, em uma coletânea de novos autores brasileiros.
O dramaturgo foi indicado cinco vezes ao Prêmio Açorianos de Teatro da prefeitura de Porto Alegre. Jamais levou. Na cerimônia das peças estreadas em 2011, concorreu com duas, entre elas Hotel Fuck, espetáculo em três episódios da Santa Estação, sobre um menino que se torna serial killer, que Diones considera seu melhor texto até o momento:
- Não tenho mais interesse em participar daquele circo todo, exceto, talvez, quando seus organizadores passarem a destinar algum valor em dinheiro ao vencedor na categoria de dramaturgia, que é um alicerce tão importante quanto a direção e a atuação num espetáculo.
O próximo projeto é a mostra O Império da Felicidade Eterna, com textos, vídeos e fotos, em parceria com o artista Martin Heuser, a ser inaugurada em 12 de junho na Galeria La Photo, na Capital. Outra meta é concluir a graduação em Teatro na UFRGS, na qual ingressou em 2005. Diones não esconde a frustração pela ausência de um "núcleo de formação" em dramaturgia em Porto Alegre.
- Os melhores professores que eu tive foram os profissionais com quem já trabalhei ao longo destes seis anos de atividade como dramaturgo. Eles, sim, me ensinaram boa parte daquilo que sei hoje, não a universidade. Após 11 peças, essa é a verdade que se impõe.