Hanson voltam à Capital e encontram a mesma histeria e devoção dos fãs gaúchos

Com gritos de contagem regressiva, máquinas digitais em punho e uma histeria adolescente apesar da idade mais avançada do público, os gaúchos recepcionaram os Hanson. Os três irmãos se apresentaram na noite de sexta-feira no Centro de Eventos Casa do Gaúcho, em Porto Alegre.

A Capital é a primeira cidade a receber a turnê internacional baseada no disco Shout It Out, que será lançado digitalmente na América Latina na semana que vem. Até então, Taylor, Isaac e Zac haviam se apresentado apenas na América do Norte nos Estados Unidos e no Canadá.

A canção escolhida para a abertura do show não podia ser mais apropriada: Waiting For This. A letra explica: "Eu sei que eles acham que você está louca / Todo esse tempo / Eu sei que você esteve esperando por isso / Grite bem alto pra que todo mundo possa ouvir". E a plateia formada basicamente por mulheres gritou. Bastante. Do início ao fim.

A devoção barulhenta foi semelhante à percebida 11 anos atrás em Porto Alegre, quando, no auge, os então adolescentes se apresentaram no Gigantinho. O número de espectadores foi radicalmente diferente - em 2000, mais de 10 mil lotaram o ginásio. Nesta noite, os ingressos vendidos não passaram de 1,5 mil.


O número, no entanto, pode ser comemorado. Desde 2003 - quando encerrou o contrato com a Island Def Jam Records -, o grupo se tornou independente e criou o próprio selo, o 3CG Records.

O colossal aporte financeiro de uma grande gravadora não existe mais, por isso, apostam na comunicação com os fãs e na criação de canais alternativos para a sustentação do negócio. A disponibilização de EPs exclusivos na internet para fãs, como o Facing the Blank Page, é um deles.

Para responder à altura o barulho, o trio tascou um dos principais sucessos, Where's the Love, na sequência do show - com direito a um solo de guitarra do irmão mais velho, de 30 anos.

A partir daí, desfilou um setlist que contou com This Time Around, do CD homônimo de 2000, Strong Enough to Break e Penny & Me, do álbum Underneath (2004) e Madeline e A Minute Without You, do disco Middle of Nowhere (1997) - quando uma série de fãs teve um ataque de choro.

No palco, Taylor, 28 anos, é o mais comunicativo. Sempre com um sorriso no rosto, esbanja simpatia entre um verso e outro. Isaac também conversa bastante com o público, mas foca-se na execução das inúmeras guitarras e violões utilizados na apresentação.

O mais novo dos três, Zac, é o menos extrovertido - e se enconde atrás do cabelo comprido e da bateria para interagir o menos possível. Com exceção do momento solo, quando é "obrigado" a soltar a voz, resume-se a utilizar a garganta apenas para o backing vocal.

Com tantos hits na bagagem e um público tão afinado, foram poucos os momentos - para não dizer nenhum - que o show perdeu energia.

Um dos pontos altos, no entanto, pode ser considerado a execução, no piano, da canção Save Me - que foi elogiada pelo próprio Isaac no Twitter após o show. O final da apresentação ainda teve espaço para os espectadores entrarem no suingue rockabilly da faixa Give a Little.

Foi com MMMBop que a Casa do Gaúcho veio abaixo. E a execução de Lost Without Each Other veio na sequência para manter a mesma energia.

Animados, os Hanson voltaram para o bis. If Only (em versão com gaita, por Taylor) e In the City foram as escolhidas para carimbar a noite dos fãs do trio.