Você está andando pela rua por onde sempre passa, no caminho entre sua casa e o trabalho. De repente, milhares de formigas vermelhas invadem o teatro, que fica na frente de uma das rótulas por onde você anda todos os dias. Certamente, você ficará surpreendido, como ficaram os moradores da cidade de Drachten, onde o artista holandês Henk Hofstra instalou uma obra para homenagear os 50 anos do teatro De Lawei.
Ao todo, 500 imagens de formigas de três metros de comprimento tomavam conta da rua e da casa de espetáculos. A obra é um dos exemplos do que se chama de arte urbana, um conceito abrangente e controverso, mas que ganha cada vez mais força na arte contemporânea. Ferramenta de crítica e protesto, mas também usada para fazer poesia, esse tipo de intervenção vem ganhando cidades por todo o mundo, alternando-se entre pequenas estruturas e circuitos inteiros. Mas nem o conceito é unanimidade.
- Quando a gente fala de arte, é difícil colocar as coisas em quadrados - explica Camila Farina, professora do curso de Design da Universidade Ritter dos Reis, na Capital.
De acordo com Camila, há muitos formatos de manifestação da arte urbana. Os mais conhecidos são o street art, que abrange as técnicas de grafite, e as intervenções urbanas, que têm origem nas artes plásticas. Mas mesmo dentro desses conjuntos é difícil encerrar definições. O certo é que essas manifestações tiveram início no final da década de 70. Desde lá, não pararam mais, espalhando-se por diversos países, em coletivos de artistas ou empreendedores individuais, que deixam suas marcas por aí.
A inspiração pode vir de qualquer lugar, assim como os materiais utilizados. O inglês Banksy, por exemplo, um dos nomes mais conhecidos da arte urbana mundial, usa técnicas de estêncil e grafite nos muros e paredes de diversas cidades. Já o francês OakOak se inspira na cultura pop para intervenções que envolvem o mobiliário urbano, como paradas de ônibus e bancos de concreto. Nas mãos deles, uma parede branca vira uma obra, com direito a frases de efeitos e bom humor.
- Eu acredito que isso tenha origem em uma necessidade de expressão, em um fluxo que acaba sendo quebrado em algum momento. Porque a arte urbana é questionar. É alterar para questionar - ressalta Camila.
E essa mesma arte urbana que inspira o mundo chegará, agora, a Porto Alegre, com o circuito de arte Artemosfera, realizado pelo Grupo RBS, com patrocínio de Chevrolet, Zaffari e Braskem e apoio de Tintas Renner e prefeitura de Porto Alegre. O circuito envolverá cerca de 50 artistas da Capital com intervenções em pelo menos 40 pontos da cidade.
- Queremos transformar a cidade com a arte, mas não com uma arte interruptiva, e sim com obras que inspirem as pessoas - diz Maíra Franz, gerente de planejamento multimídia do Grupo RBS.
As primeiras obras do Artemosfera devem ser entregues no dia 17 de novembro de 2011.
Notícia
Abrangente e controversa, arte urbana é ferramenta de crítica e poesia pelo mundo
Projeto Artemosfera trará a Porto Alegre circuito de intervenções urbanas e street art
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