
O músico Edy Star faleceu na madrugada desta quinta-feira (24), aos 87 anos, em São Paulo. A revista Billboard informou que o artista foi vítima de insuficiência respiratória, insuficiência renal aguda e pancreatite aguda, decorrentes de um grave acidente doméstico que sofreu na última semana.
"É com imensa tristeza que comunicamos o falecimento de Edy Star, no início da madrugada de hoje, 24 de abril. Ele chegou ao hospital em estado gravíssimo, foi submetido à diálise, mas enfrentava complicações mais severas", diz nota divulgada pelo Complexo Hospital Heliópolis, em São Paulo, onde Edy Star estava internado desde terça-feira (22).
Amigo de Edy Star, Ricardo Santhiago informou que o artista havia sido transferido para o Complexo Hospitalar Heliópolis após alguns dias internado em estado grave em uma Unidade de Pronto Atendimento.
"Nosso querido Edy Star sofreu um acidente doméstico na semana passada. Está internado numa UPA, mas seu estado de saúde vem piorando rapidamente. Aos 87 anos, corre risco de falência renal — o que pode ser fatal", iniciou o texto publicado na quarta-feira (23).
Autor da biografia do música, intitulada Eu Só Fiz Viver: A História Oral Desavergonhada de Edy Star, Santhiago ainda criticou a demora por uma vaga em leito de hospital adequado.
Até a atualização mais recente desta reportagem, ainda não haviam informações sobre o velório e sepultamento de Edy Star.
Trajetória
Nascido em Juazeiro, na Bahia, Edivaldo Souza, nome de batismo de Star, começou a carreira na adolescência se apresentando no programa A Hora da Criança, da Rádio Sociedade da Bahia. Star afirmava que foi o primeiro cantor brasileiro a assumir homossexual.
Nos anos 1960, se aproximou do eixo Rio-São Paulo, assim como outros artistas de sua geração, em busca de novas possibilidades artísticas. Ainda nos anos 1960, compôs com Gil a toada Procissão, que está no repertório da turnê de despedida de Gil, Tempo Rei.
Ganhou destaque ao participar do álbum Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10 (1971), ao lado de Raul Seixas, Sérgio Sampaio e Miriam Batucada. Nessa época, já contestava normas da sociedade, sobretudo as sexuais, em shows na Praça Mauá, no centro do Rio de Janeiro.
Em 1974, lançou seu álbum primeiro álbum solo, Sweet Edy, para o qual ganhou músicas inéditas de nomes como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Jorge Mautner e da dupla Roberto e Erasmo Carlos.
Na capa, a imagem de um artista glam, com inspiração em nomes como David Bowie, T. Rex, e Alice Cooper. Gil, aliás, compôs para ele a canção Edith Cooper. O movimento, que o tornou o primeiro artista do gênero no Brasil, veio da esteira de sua participação na versão brasileira do musical The Rocky Horror Show.
Nos anos 1990, Star se mudou para a Espanha onde atuou no teatro e como produtor de boates. De volta ao Brasil, passou a ser cultuado por uma nova geração. Em 2017, lançou seu segundo álbum, Cabaré Star, com produção musical de Zeca Baleiro e Sergio Fouad.
Atualmente, divulgava um projeto de financiamento coletivo para lançar um álbum só com músicas do amigo Raul Seixas. Também movimentava as redes sociais com postagens em que abria seu baú, ou, "bolsinha", como ele costumava chamar, para mostrar fotos ao lado de grandes nomes da música brasileira.
Em sua última entrevista ao Estadão, em dezembro de 2024, por ocasião do lançamento de seu documentário, Star, mais uma vez, reafirmou sua vocação para a alegria:
— Eu estou aqui para me divertir. Vim ao mundo só para isso e eu continuo me divertindo — declarou na época.