Está no imaginário popular: quando se fala em Planeta Atlântida, automaticamente, o público gaúcho já pensa em Armandinho. É um símbolo do evento. É o que o Rio Grande do Sul tem de mais próximo do especial de fim de ano do Roberto Carlos. Então, nada mais natural que ele abrisse os trabalhos no segundo dia de festival este ano.
Armandinho subiu ao Palco Planeta às 17h37min deste sábado (1°), e o público o recepcionou cantando de cara os primeiros versos de A Ilha (“Eu sei que existe uma ilha/ Onde o homem nunca lá pisou”). Havia sintonia do cantor com os planetários desde os primeiros segundos de show.
Muitas vezes, Armandinho dava a deixa, e a plateia completava o resto. Foi assim, por exemplo, na introdução de Rosa Norte – segunda música da apresentação.
Aliás, o tempo estava nublado na Saba até Rosa Norte, quem sabe até chovesse em instantes, mas até o sol resolveu aparecer – mesmo que timidamente — para prestigiar Armandinho.
Na sequência, ao final da terceira música, Eu Sou do Mar, ele mandou um recado ambientalista – algo constante em suas apresentações:
— Amazonas, nossos biomas, as chuvas no Rio Grande do Sul, as queimadas. É tempo de preservação!
Momento nostalgia
Após a romântica Eu Juro, o cantor comentou que a faixa é uma espécie de continuação de Ursinho de Dormir (que seria a próxima música do show), que cresceu e se casou. Exemplificou sobre um casal de fãs que se conheceu no Planeta Atlântida de 2004 e hoje tem uma filha chamada Analua (que entrou mais tarde no repertório). Ele ainda lembrou da sua primeira vez no evento, em 2003, e questionou:
— Quem estava aí no Planeta de 2003?
Dezenas de mãos foram erguidas, mas talvez algumas fossem de brincadeira. Afinal, havia muitos jovens com os braços no ar que facilmente teriam nascido naquele ano. De qualquer maneira, isso dizia muito sobre o público que Armandinho atingiu no show: empolgou todas as faixas etárias presentes na Saba, dos adolescentes aos adultos acima dos 40 anos. É o Senhor Planeta.
Foi um show contagiante e com uma banda afiadíssima na cozinha, com repertório que contou com as obrigatórias Reggae das Tramanda, Pescador, Casinha (na introdução da música, teve fã gritando “Vamo pra cima, Grêmio”, seguido de um assobio, remetendo ao áudio viral), Desenho de Deus, entre outros hits que muita gente cresceu ouvindo ou pode estar descobrindo agora.
O cantor também apresentou a obrigatória Outra Vida, que contou com uma introdução instrumental de Riders on the Storm, do The Doors. Além de ser aquele momento para os casais se abraçarem e se beijarem, também serviu de ponte para outro recado de Armandinho.
Foi quando o Sol apareceu de vez para os planetários, e o cantor começou a gritar “vem, Sol! Vem, Sol!”. Então, refletiu antes de encerrar a canção:
— É agora, Rio Grande do Sul! O recomeço! É uma nova vida.
E fechou a música com o verso “pode crer, tudo vai dar certo”.