— Eu quero ficar bem na frente do palco pra ver o Alexandre Pires — disse um veterano planetário, enquanto puxava um grupo de amigos para curtir de perto as músicas do seu contemporâneo. Era o momento daqueles que "são jovens a mais tempo" se esbaldarem.
E podemos chamar o pagodeiro de Alexandre “Showman” Pires. Aos 49 anos, o artista subiu ao palco do Planeta Atlântida 2025 às 20h50min desta sexta-feira (31) trazendo com ele uma energia que parecia não ter fim. A missão dele era colocar os planetários para cantar músicas de uma época em que boa parte deles sequer era nascida. E funcionou.
Na sua apresentação no Planeta, que teve uma hora de duração, o artista entregou uma versão pocket do seu já consagrado show Baile do Nego Véio — que conta normalmente com mais de três horas de duração. Foi o suficiente para levar o público para uma viagem nostálgica aos anos 1990.
O aclamado show está na estrada desde 2018 e, neste ano, encerra-se — o Planeta marcou a última apresentação da turnê no Estado. Nos próximos meses, um projeto diferente do sambista estará na rua, marcando uma nova fase da carreira do músico, acompanhado de um audiovisual inédito. E, se depender do pique do mineirinho, que dançou o tempo inteiro, vai ser outro sucesso.
Em sua terceira apresentação no Planeta Atlântida, Alexandre Pires revisitou clássicos de sua jornada de mais de três décadas, bem como canções consagradas de outros artistas. A primeira foi Caçamba, já dizendo: “Não negue que você gosta de samba / E samba como ninguém”. E, de fato, a galera não negou e sambou como ninguém.
Acompanhado com por uma banda afinadíssima, trazendo, inclusive, metais, que deram um suingue especial para a apresentação e backing-vocals que seguraram a apresentação para o showman dançar e interagir com o público.
Com Domingo, Pires colocou a Saba para cantar junto com ele. E quem não estava acompanhado, dançava sozinho, fazendo de si mesmo o par perfeito para curtir o aconchegante som. O público já estava completamente conectado com o astro e quando ele cantou “Faça de conta que eu sou seu namorado”, não faltou gente gritando: “Eu quero!”.
Pra falar de amor
Você Virou Saudade foi outra pedrada no coração dos planetários, que perguntavam junto com o cantor: “Me diz o que é que eu faço / Com essa solidão / Tentei te esquecer / Briguei com o coração”. E ele fez questão de deixar a galera cantar. Foi um coro bonito. A conclusão da música foi com uma grande salva de palmas.
De boné e jaqueta brilhante, Pires fez o seu Baile do Nego Véio convocar o funk dos anos 1990, com Conquista, de Claudinho e Buchecha – inclusive, com direito a famosa dancinha. Depois, seguiu homenageando a dupla, com Fico Assim Sem Você, orquestrando a galera para erguer as mãos e cantar – e todo mundo sabia a letra.
Neste momento, o artista saiu do palco e impressionou um grupo de adolescentes ao voltar rapidamente com outra roupa e já pulando.
— Caralh*, não é possível — disse um deles. Pires repetiria a façanha outras vezes.
Na volta, sem perder o fôlego, emendou Agamamou, de Art Popular, com uma série de passos muito bem coreografados ao lado de seus dançarinos e backing-vocals. Rapidamente, ele trocou o disco e veio com os clássicos de SPC.
— Vamos falar de amor, Planeta — bradou.
E foi mesmo. Veio na sequência Meu Jeito de Ser – e com ela casais agarradinhos – e Tô Te Filmando, d'Os Travessos. Essa Tal Liberdade – “essa é a melhor”, afirmou um jovem – foi aclamada e era difícil não ver alguém cantando. Depois veio a dançante e apocalíptica Eva, que foi totalmente acompanhada por palmas, pulos e empolgação com uma história de amor no fim do mundo.
Que Se Chama Amor veio na sequência, com planetários apontando uns para os outros e cantando: “Já estou ficando louco / Só por causa de você”. As agitadas Mineirinho e Sai da Minha Aba vieram juntas, elevando a vibe da festa, que se manteve alta com Desafio, Carrinho de Mão e Onda Onda. Os passinhos de outros tempos estavam de volta em 2025.
A romântica Depois do Prazer veio na sequência, mostrando que Pires quis criar uma montanha-russa de emoções em seu show. E ainda colocou um “Rio Grande do Sul, te amo” na letra. Tá Escrito colocou a mensagem positiva “Erga essa cabeça / Mete o pé e vai na fé / Manda essa tristeza embora”. E, de fato, não teve espaço para tristeza no show.