Reunindo atrações locais e nacionais, a primeira edição do Samba Porto Alegre colocou uma multidão para gingar neste domingo (28), no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho (Harmonia). A organização estima que cerca de 20 mil pessoas passem pelo evento até o fim da noite.
Realizado pelo Grupo Prime, o festival estreia com a finalidade interseccionar a história do samba e do pagode com a cultura gaúcha, conforme a organização. O evento teve início às 14h, com o DJ Raffa Santos recepcionando aqueles que chegaram cedo.
O Samba Porto Alegre começou bem no clima do outono no Capital. Com tempo nublado, a temperatura na casa dos 20°C e um vento traiçoeiro que passava vez ou outra, o público circulava pelo Harmonia agasalhado com jaquetas e moletons. Mas também havia aqueles grupos de amigos uniformizados – camiseta preta, óculos escuros e jeans apertados.
Entre os milhares de presentes estava Aline Souza, 32 anos, moradora da capital gaúcha. Para ela, o evento seria especial por marcar seu reencontro com Dilsinho.
— Enfim, voltarei a vê-lo ao vivo! Vou matar a saudade. A última vez que vi um show dele foi em 2019. Amo todas as músicas dele — comemora a fã.
Aline estava acompanhada do amigo Diogo Moraes, 34, morador de Viamão. Para ele, que ansiava em ver Turma do Pagode, tudo estava funcionando no festival até o momento.
— A logística está boa, a fila anda rápido. O clima, especialmente, está bom, sem todo aquele calorão que vinha rolando — avalia Diogo.
Já a porto-alegrense Barbara Santos Ribeiro, 51, destacou que o festival também cumpriria uma função anímica.
— Vim aqui para aproveitar tudo e curtir bastante. Porto Alegre anda tendo tanta desgraça. É uma oportunidade para a gente tentar se distrair — reflete.
Animação, homenagem e histeria
Mas a pagodeira começou mesmo quando a Roda Samba Porto Alegre instaurou-se no palco. A junção foi comandada por Paulista, dono do vocal e cavaco na Samba Tri, contando com com músicos do pagode gaúcho. DJ João Veppo comandou o som eletrônico na sequência, tocando nomes de outros estilos musicais - de Ana Castela a Pedro Sampaio.
A Turma do Pagode subiu ao palco às 17h08min, pouco mais de uma hora de após o horário divulgado originalmente pela organização. Criado em São Paulo (SP), o grupo mostrou por que é um dos mais bem sucedidos do gênero já em sua abertura, com Deixa em Off. O que se via era o público dançando e cantando junto, com casais se beijando naquelas canções mais apaixonadas.
Formado por Leiz (tantã e vocal), Caramelo (banjo e vocal), Rubinho (pandeiro), Thiagão e Neni (percussão), Marcelinho TDP (cavaquinho), Leandro Filé (violão) e Fabiano Art (surdo), o grupo está junto há 30 anos, mas começou a estourar mesmo na década de 2000. O repertório repassou essa trajetória com sucessos como Cobertor de Orelha, Lancinho, A Gente Já Não Rola e Camisa 10, além de clássicos de outros nomes do pagode – Exaltasamba, Raça Negra, Revelação, Só Pra Contrariar, entre outros. Também houve um momento para prestigiar o pop rock brasileiro – Anna Júlia, do Los Hermanos, e Do Seu Lado, do Jota Quest.
Ainda, Leiz dedicou a apresentação no festival a Anderson Leonardo, vocalista do Molejo, que morreu na última sexta-feira (26) e foi velado neste domingo:
— Que Deus te receba de braços abertos. Essa galera do Sul te ama demais.
O festival teve sequência com a Imperadores do Samba, mas o volume do som vindo do palco era baixo no início da apresentação - o que se repetiria vez ou outra ao longo das apresentações de outros artistas. Apesar do contratempo, a escola segurou uma performance animada até o fim.
A noite seguiu com Dilsinho, que subiu ao palco às 19h13min, sendo recebido com queima de fogos e muitos gritos histéricos por parte do público feminino. O cantor abriu o show com o hit Diferentão (“Apareci no meio do pagode/ E ninguém entendeu nada/ Camisa do Nirvana, tênis velho/ E uma calça jeans rasgada”, aliás, a reportagem visualizou um casal vestindo camisetas do Nirvana no festival) dando a tona do que seria sua apresentação: simpatia, sucessos para o povo cantar e muita interação com a plateia. Chegou até a chamar dois fãs para o palco.
Em um momento, ele propôs falar sobre a vida do público no palco, especialmente sobre desilusões amorosas. E emendou Futuro e Presente.
— Vou parar com esta mania de gostar de quem não me dá bola — sentenciou o pagodeiro desiludido durante a música.
Mas o sentimento seria outro logo depois. Antes de Sogra, Dilsinho questionou quem estava acompanhado ali e concluiu que havia muita mulher solteira no festival. Então, decretou:
— Está liberado chamar a minha mãe de sogra no Rio Grande do Sul!
Menos é Mais e Rodriguinho também são atrações do Samba Porto Alegre. O evento deve ser encerrado às 23h55min. Antes mesmo do fim, a segunda edição do festival foi confirmada para 2025.