Permeado de reclamações e até denúncias ao Procon devido à troca de local, o show dos Titãs com a formação clássica da banda atraiu movimento intenso para o entorno da Fiergs neste sábado (6). Originalmente, o grupo se apresentaria no Anfiteatro do Beira-Rio, mas, há cerca de uma semana, a mudança foi anunciada.
Algumas das principais queixas de quem comprou ingresso dizia respeito à localização da Fiergs, que fica no extremo norte de Porto Alegre, enquanto o Beira-Rio se encontra na zona sul, com um acesso mais fácil ao Centro. Os usuários também alertavam para a recorrência de trânsito intenso no entorno do novo local do show, bem como para o fato de ele não oferecer cadeiras ou cobertura, em caso de chuva.
Pouco depois das 18h, quando estava prevista a abertura dos portões e a reportagem de GZH esteve na Fiergs, já havia lentidão no entorno. Com o show previsto para iniciar às 21h, o movimento foi, aos poucos, se intensificando.
A estimativa era de que mais de 20 mil pessoas comparecessem ao evento. Ainda havia, contudo, ingressos à venda na hora em todos os setores, tanto presencialmente, como pela internet.
Mesmo com a mudança de local, Luiz Bohn, 54 anos, nem cogitou devolver o ingresso. Depois de ir a várias apresentações de ex-integrantes dos Titãs junto de sua filha, neste sábado será a vez de os dois assistirem a um show semelhante ao visto por Bohn em 1988.
— Eu conheço os Titãs desde a origem, e isso foi se passando para os filhos. As músicas são constantes também, se mantiveram ao longo do tempo. Então, ver o show com a formação original é um momento especial — comenta o morador de Porto Alegre.
O momento especial a que se refere Bohn se deve ao fato de esta turnê, nomeada Titãs Encontro, reunir a formação clássica da banda para celebrar seus 40 anos. Composto hoje por Branco Mello, Sergio Brito e Tony Bellotto, o grupo conta, nesta turnê, com Paulo Miklos, Charles Gavin, Arnaldo Antunes e Nando Reis. Apesar de não ser a formação original, que incluía Ciro Pessoa e André Jung – posteriormente substituído por Gavin – essa constituição se tornou a mais popular entre os fãs.
Apesar de se manter convicta em assistir ao show, a dupla de pai e filha lamentou a mudança de local.
— Queira ou não queira, o Beira-Rio tem uma estrutura onde provavelmente se estaria sentado, haveria arquibancada, um ângulo de visão talvez melhor — comentou Bohn.
Daniela, 30 anos, foi ao show por meio de um ônibus de excursão. Moradora de Caxias do Sul, achou o trânsito tranquilo e não sentiu a diferença entre ser no Beira-Rio ou na Fiergs – o foco era mesmo curtir o show.
— Acho que vai ser muito legal ver a formação original. É uma coisa que a gente não vai mais ver, provavelmente, e, por isso, a gente decidiu vir lá de Caxias. É imperdível — ressalta Daniela.
Já Cristiane Rodrigues Marques, 41 anos, não tinha planos de ir à apresentação. Teve sorte: a irmã, mais fã de Titãs, teve um contratempo, não pôde ir e lhe deu o ingresso. Considera a localização do show pior do que a original.
— Se fosse combinado desde o início com quem comprou, seria mais interessante. É complicada essa mudança, porque quem compra tem uma expectativa sobre o lugar e se organiza para o trajeto, para a logística — analisa Cristiane.
O setlist da turnê tem contado com 32 músicas, privilegiando o período oitentista do grupo. O disco Cabeça Dinossauro (1986) ocupa praticamente um terço do show, com 10 músicas do trabalho entrando no repertório — como Família, Bichos Escrotos, Polícia, Porrada, AA UU, entre outras. A produtora do evento não informou a duração do show, mas no Rio de Janeiro, por exemplo, ele se estendeu por mais de duas horas e meia.