Milton Nascimento subiu ao palco pela última vez neste domingo (13), em Belo Horizonte, cidade onde iniciou sua carreira musical. O show de encerramento da turnê A Última Sessão de Música levou uma multidão ao estádio Mineirão, onde Milton surgiu sob os holofotes por volta das 19h.
A abertura do espetáculo, que foi transmitido pelo Globoplay, ficou por conta da Zé Ibarra, da banda Bala Desejo. O cantor seguiu no palco após a chegada de Bituca e acompanhou o anfitrião na voz e no violão em algumas músicas.
Na primeira palavra trocada com o público, Milton dedicou a apresentação a Gal Costa, que morreu na quarta-feira (9). Antes, a artista já havia sido homenageada com uma foto dela ao lado de Milton nos telões. O músico de 80 anos não conseguiu segurar a emoção ao falar da amiga, fazendo com que o público também se emocionasse.
— Quero agradecer a todos vocês por tornarem minha vida tão linda! — agradeceu ele, embalado pelo público que gritava "Bituca, eu te amo", segurando cartazes com a mesma frase.
A emoção se fez presente durante todo o espetáculo, a cada canção interpretada. Um dos momentos mais marcantes foi quando Milton recebeu no palco os companheiros de Clube da Esquina Beto Guedes, Lô Borges, Toninho Horta e Wagner Tiso. Juntos, cantaram canções como Um Girassol da Cor do seu Cabelo, Paula e Bebeto e Clube da Esquina Nº 2.
Ao chamar os amigos, Bituca reverenciou o movimento musical fundado por eles na Belo Horizonte da década de 1960:
— Clube da Esquina foi considerado o melhor disco da música brasileira, e a gente não pode deixar de celebrar isso neste show.
Outro ponto alto do show foi a participação de Samuel Rosa, que Milton chamou ao palco referenciando como "um grande amigo". O vocalista do Skank beijou a mão de Milton e falou a respeito da grandeza do artista. Depois, os dois cantaram juntos a música Trem Azul.
— Eu já achava um baita privilégio habitar a Terra ao mesmo tempo que esse gênio aqui do nosso lado. Que privilégio é esse agora? Nós, 60 mil pessoas que te adoram, Bituca, compartilharmos essa noite incrível. Sua música está em movimento, sua música é para sempre, sua música transforma as pessoas e o país. Obrigada, Bituca. Obrigada por existir — disse Samuel Rosa, seguido por mais um coro de "Bituca, eu te amo".
Ao interpretar Caçador de Mim, Milton levou às lágrimas o público, conforme foi possível assistir na transmissão. O mesmo ocorreu em Amor de Índio, Canção da América, O Cio da Terra, Encontros e Despedidas e outras canções marcantes. Em Maria, Maria, um dos maiores sucessos de Bituca, o Mineirão explodiu em fogos de artifícios. Foi um dos momentos mais bonitos da noite.
Até mesmo quem assistiu de casa ficou emocionado com A Última Sessão de Música de Milton Nascimento. Nas redes sociais, o público reverenciou Bituca e a sua "voz de Deus", como Elis Regina definia o canto dele. A despedida do cantor dos palcos neste domingo foi digna da contribuição dele para a música brasileira. Uma contribuição que segue, pois, para a sorte de todos, Milton Nascimento deixou claro que este é um adeus para a vida na estrada, mas jamais para a música.
