O metal desembarca na capital gaúcha nesta sexta-feira (19) com o Sepultura. A banda apresenta o álbum Quadra (2020) no Teatro do Bourbon Country, às 21h, dois anos após seu lançamento, devido ao adiamento de shows em função da pandemia de covid-19.
— Vamos tomar bastante chimarrão antes do show. Vamos estar mais acelerados e vamos tocar com o coração vibrando chimarrão e cafeína — brinca o baterista Eloy Casagrande, que compõe o grupo ao lado de Andreas Kisser (guitarra), Derrick Green (vocal) e Paulo Xisto Jr. (baixo).
Após uma turnê de verão pelos Estados Unidos e pela Europa, com participações em festivais, a banda retorna ao Brasil para interpretar o disco lançado em 7 de fevereiro de 2020, um mês antes do início da pandemia.
— Estamos muito felizes de poder voltar a tocar em todos os lugares. É realmente o momento de voltarmos a ter contato com o nosso público brasileiro — ressalta Casagrande, que teve de abandonar os shows nos EUA após quebrar a perna durante uma apresentação, mas retornou para a turnê europeia.
Kisser acrescenta:
— Depois de dois anos, estamos finalmente fazendo esse calendário. Está indo muito bem, é sensacional, a galera conhece bem o álbum, foram dois anos ouvindo o disco.
Evidentemente, os quatro roqueiros estão animados por enfim poderem tocar as músicas ao vivo. O baterista observa:
— Criamos uma expectativa, uma ansiedade muito grande para apresentar o show desse disco. Foi um álbum muito bem recebido pelos fãs e pela crítica. Tivemos muito prazer em fazer, e o disco tem muito a ver com a temática que a gente vive hoje, em muitos aspectos culturais, socioeconômicos, políticos. É muito atual.
O álbum foi inspirado no antecessor Machine Messiah, lançado em 2017, considerado um disco diferente na história da banda, com o uso de elementos inusitados. Kisser vê Quadra como uma consequência do crescimento do Sepultura como banda e como um álbum que permitiu explorar novas possibilidades. O trabalho mais recente pode ser dividido em quatro segmentos. A parte A é mais tradicional, thrash metal, representando o discurso da banda, com elementos novos; a B é percussiva, com ritmos brasileiros; a C tem o instrumental como característica geral; e a D é mais lenta, com melodia.
Quadra foi gravado na Suécia e produzido, mixado e masterizado por Jens Bogren, que já havia participado da equipe de Machine Messiah. Foi ele quem expandiu a ideia de corais e de cordas. Outra novidade do álbum ficou por conta da participação de Emmily Barreto, da banda Far From Alaska, que divide os vocais com Derrick na faixa de encerramento.
Apesar da dificuldade na gravação de Quadra, os integrantes ressaltam que o álbum nasceu naturalmente, com os músicos se expressando de forma única — das letras compostas por Derrick, definidas como "profundas" por Casagrande, à parte instrumental, na qual o baterista, o guitarrista e o baixista buscaram criar novos padrões e deixar a zona de controle.
Quanto ao título do álbum, Kisser ressalta que todas as pessoas vêm de diferentes quadras — países e nações com fronteiras, culturas, leis e regras próprias dentro das quais a vida acontece.
— Nossas personalidades, crenças, o modo de vida, a construção das sociedades e dos relacionamentos... Tudo depende desse conjunto de regras com as quais crescemos — afirma o guitarrista.
Na percepção de Casagrande, o disco quebrou barreiras e, além disso, percorreu a pandemia, durante a qual a banda realizou lives semanais, com convidados e apresentações, chamadas "SepulQuarta". Para os artistas, interpretar o álbum agora serve para lembrar tudo o que passou, como os momentos difíceis para o mercado musical e para a cultura durante a crise sanitária. O objetivo, salienta o baterista, é fazer da tour uma celebração por poderem voltar a tocar.
A turnê guarda algumas "surpresas" para os fãs, com clássicos que também entrarão no repertório.
— O show passa pela história do Sepultura, mas é mais focado no disco novo — aponta Kisser.
A última vez que o Sepultura tinha estado em Porto Alegre foi em 2018. Kisser relembra que a história da banda com a Capital se iniciou no final dos anos 1980 e envolveu shows com os Ramones no Gigantinho e com o Metallica no Jockey Club, além de apresentações no Araújo Vianna. A cidade costuma integrar o circuito da banda, que destaca que sempre tem bons shows em solo gaúcho.
Casagrande afirma que "será demais" voltar a Porto Alegre:
— Eu adoro ir a Porto Alegre, tenho muitos amigos aí e já tive a oportunidade de tocar inúmeras vezes. Até tem um membro da equipe que é gaúcho, então a gente vivencia a cultura, a gente realmente toma chimarrão na turnê e adora. É um lugar tão específico, tão único do nosso país. Eu gosto muito da cultura de Porto Alegre, do Sul.
E o baterista acrescenta que o povo gaúcho não fica para trás quanto à famosa animação brasileira nos shows:
— Às vezes, pelo fato de ser uma região mais fria, as pessoas acham que o povo vai ser mais frio, mas não, o metaleiro é sempre caloroso.
Kisser complementa:
— A galera é muito roqueira, é aquela coisa do sul do Brasil também um pouco mais intensa, mais latina, da Argentina, do Uruguai. Eles realmente conhecem rock, hard rock, heavy metal.
A agenda da banda segue com apresentações do Sepultura no Rock in Rio e uma turnê pelo México em outubro, seguida por uma de inverno na Europa. Na volta, o grupo ainda participará do Knotfest, festival da banda Slipknot, em São Paulo e no Chile.
Sepultura em Porto Alegre
- Nesta sexta-feira (19), às 21h.
- Teatro do Bourbon Country (Av. Túlio de Rose, 80), em Porto Alegre
- Ingressos: a partir de R$ 130 (inteiro) ou R$ 78 (solidário, mediante doação de 1 kg de alimento não perecível no local), à venda em uhuu.com.
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