O Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) divulgou recentemente um balanço sobre a presença feminina no mercado musical. De acordo com o relatório, em um ranking dos cem compositores com maior rendimento nos últimos cinco anos, considerando todos segmentos de execução pública, a aparição das mulheres dobrou de 2020 a 2021, indo de 2% para 4%.
O balanço também indicou que em 2021 a gestão coletiva distribuiu R$ 901 milhões em direitos autorais de execução pública para compositores, intérpretes, músicos, editores e produtores fonográficos, além das associações de música. Desse total, as mulheres receberam somente 7% do valor (equivalente a R$ 40 milhões), resultado igual a 2020.
Com o rendimento, quase 23 mil artistas mulheres foram beneficiadas. Apesar de aparentar um número considerável, ele representa apenas 10% do total de pessoas contempladas com lucros oriundos de direitos autorais em 2021. Entre os 40 milhões pagos às mulheres, 66% foram para autoras, 29% para intérpretes e 5% para demais categorias — como musicistas e produtoras fonográficas. Quanto à nacionalidade, 67% das beneficiadas são brasileiras e 33%, estrangeiras.
O estudo apontou que, no ano passado, a maior parte dos lucros das mulheres no setor musical veio dos segmentos de rádio (30,9%), TV aberta (16,3%) e sonorização ambiental (12,7%). Os três juntos foram responsáveis por 70% de todos os valores pagos à classe feminina. Entre os menos lucrativos estão cinema (0,9%), carnaval (1,2%), música ao vivo (0,8%) e festa junina (0,5%).
Titulares cadastrados
Até o final de 2021, no banco de dados da gestão coletiva estavam registrados 4 milhões de titulares filiados ativos, cadastrados como pessoas físicas. Desse total, 11% são do gênero feminino e 1% de novas artistas cadastradas no ano.
Entre as quase 390 mil titulares mulheres, 8% são brasileiras e 92% estrangeiras. Desse total, aproximadamente 95% estão filiadas em uma das associações de música como autoras.
O maior percentual de mulheres cadastradas no banco de dados se encontra na categoria de autora (94,7). Segue com intérprete (11,3%), musicista executante (9,7%) e produtora fonográfica (3,1%).
Músicas mais tocadas
Para analisar as músicas mais tocadas, o Ecad considerou uma amostra com cerca de 265 mil obras musicais que tiveram pelo menos uma execução nos principais segmentos de execução pública nos últimos cinco anos. Em apenas 14% do total de canções, há pelo menos um titular do gênero feminino em sua composição autoral.
O Ecad também fez a análise com base em um escopo de análise menor, considerando um ranking das cem músicas nacionais mais tocadas nos mesmos segmentos. O resultado foi que apenas 27% das canções traziam mulheres como autoras. Entre os 19 nomes femininos que aparecem se destaca Lari Ferreira, compositora de oito músicas da lista. Em seguida, com três músicas cada, aparecem Anitta e as integrantes da dupla Day e Lara (Dayane Camargo e Lara Menezes). Ao todo, Larissa Ferreira da Silva tem 381 obras cadastradas no banco de dados do Ecad.
Com relação às músicas mais tocadas, a compositora melhor posicionada é Lea Magalhães, que colaborou com uma versão da música Parabéns pra Você. Das cem músicas mais tocadas, nos últimos cinco anos, somente uma canção foi composta exclusivamente por mulheres, Você Faz Falta Aqui, de Dayane Camargo, Lara Menezes e Valéria Costa. Ela aparece na posição 76 da lista das cem músicas nacionais mais tocadas nos principais segmentos nos últimos cinco anos com mulheres entre os autores.