Espetáculos que reúnem grandes nomes da música brasileira fizeram história. Em 1984, Cantoria colocou no mesmo palco Elomar, Geraldo Azevedo, Vital Farias e Xangai. Em 1996, foi a vez de O Grande Encontro, com Geraldo, Alceu Valença, Elba Ramalho e Zé Ramalho. Ambos os projetos foram reeditados ao longo dos anos, com diferentes formações, resultando em discos igualmente memoráveis.
Inspirados naquelas iniciativas, Geraldo Azevedo e Chico César decidiram se unir para um show inédito. A ideia era que cada um interpretasse suas músicas, revezando-se no palco, eventualmente cantando juntos algumas faixas. Mas a sintonia foi tão fina que um acabou aprendendo as músicas do outro. Em Violivoz, que chega a Porto Alegre nesta quinta-feira (2), às 21h, no Auditório Araújo Vianna, o pernambucano e o paraibano estão o tempo todo juntos, ora interpretando faixas de um, ora de outro.
Será um festival de clássicos, ao som de suas vozes e seus violões. Do repertório de Geraldo, pode-se esperar canções como Bicho de 7 Cabeças II e Dia Branco. Da carreira de Chico, entre outras, Mama África e À Primeira Vista. Haverá, ainda, duas canções compostas em parceria: Tudo de Amor e Nem na Rodoviária.
Quase 20 anos separam o nascimento de Geraldo, hoje com 76, de Chico, 57. Coincidentemente, o primeiro disco de cada um causou profundo impacto poético no outro. O de Geraldo foi em 1972, gravado em parceria com Alceu Valença. Fez a cabeça de Chico. A estreia deste, em 1995, com Aos Vivos, por sua vez, encantou tanto que Geraldo comprou caixas e caixas para distribuir aos conhecidos. De alguma forma, já fazia bastante tempo que um andava espalhando a palavra do outro por aí.
— Geraldo me ensinou ainda cedo o poder de uma canção composta e tocada tendo o violão como base, me ensinou o valor dos projetos coletivos e que é possível viver de nossa arte até perto dos 80 anos com bastante vivacidade e dignidade — elogia Chico.
E o que ele pôde ensinar, em troca, para Geraldo?
— Imagina! Nada tenho para ensinar a Geraldo Azevedo, um mestre. Apenas, com meu trabalho e minha presença, mostrar que o trabalho dele frutificou e ajudou a moldar uma nova geração da qual faço parte.
Para Geraldo, “estar junto é sempre um ato de criação e de aprendizado um com o outro”:
— Eu me sinto um eterno aprendiz. E sei que Chico também é assim. Ele é um artista maravilhoso. A gente, que é criador, normalmente tem os olhos abertos para as coisas que vêm para a gente. É natural também que, pelo fato de eu ser de uma geração anterior à de Chico, ele tenha se espelhado muito na gente. Assim como eu me espelhei nas gerações que vieram antes de mim. E temos uma coisa em comum, que são nossas raízes nordestinas.
- Chico César e Geraldo Azevedo apresentam o espetáculo Violivoz no Auditório Araújo Vianna (Av. Osvaldo Aranha, 685). Ingressos inteiros de R$ 120 a R$ 240, via plataforma Sympla, com taxas. Há desconto mediante a doação de um quilo de alimento não perecível. Sócios do Clube do Assinante e um acompanhante ganham 50% de desconto. Nesta quinta-feira (2), às 21h.