O baterista dos Rolling Stones, Charlie Watts, morreu aos 80 anos nesta terça-feira (24). A informação foi confirmada por Bernard Doherty, agente do músico, em comunicado enviado à imprensa britânica.
"É com imensa tristeza que anunciamos a morte de nosso amado Charlie Watts", diz um trecho do comunicado, divulgado pela BBC. "Ele faleceu pacificamente em um hospital de Londres hoje cedo, cercado por sua família", informou a nota.
Watts havia passado por uma cirurgia recentemente. Na ocasião, o representante do baterista informou que ele ficaria de fora da turnê da banda, sem dar mais detalhes sobre a saúde do baterista. À época, Watts também comentou a decisão de se afastar dos Rolling Stones, alegando a intenção de não prejudicar a banda e os fãs ansiosos pelos shows.
— Pela primeira vez, meu ritmo tem estado um pouco estranho. Tenho trabalhado duro para estar completamente bem, mas hoje eu devo aceitar os conselhos dos especialistas, de que isso pode demorar mais um pouco — afirmou ele. — Depois de todo o sofrimento causado pela covid, eu realmente não quero desapontar os fãs do Stones que já estão com seus ingressos com mais um anúncio de adiamento ou cancelamento. Por isso, pedi para meu grande amigo Steve Jordan me substituir — anunciou.
Em 2004, Watts havia enfrentado um câncer. A causa da morte do artista ainda não foi confirmada por sua assessoria, que pediu privacidade à família do músico, bem como aos integrantes da banda e amigos próximos.
Trajetória
Charlie Watts se juntou aos Rolling Stones durante o primeiro ano de existência da banda, que já contava com a dupla Mick Jagger e Keith Richards entre seus fundadores (Ron Wood chegaria somente em 1975).
— A noite do Marquee (considerada a primeira apresentação do grupo, em 12 de julho de 1962) foi a gravação de um show de rádio, e a banda era a de Alexis Korner, com quem eu já tinha tocado. Tinha também o Brian Jones, com quem eu tocara um ano antes. Então, era um embrião do grupo, que só foi se estruturar ao longo do ano. Nós consideramos que o dia 2 de janeiro é a data de fundação da banda — explicou o baterista ao Estadão em 2012.
Watts também teve influência fundamental na composição visual do grupo ao lado de Mick Jagger. Sobre o que costumava buscar para a imagem do grupo, respondia, à revista Rolling Stone, em 2005:
— Algo cativante e, eu espero, bonito. Mas você não quer que seja cafona. A língua é um exemplo clássico. Por mim, iria direto para a beleza. Mas, por conta da posição em que estamos, você tem que ter algo arrebatador que tome conta.
Já tocava bateria desde a adolescência, quando era praticante do skiffle, gênero inglês inspirado nas jazz bands norte-americanas dos anos 1920. Apesar de integrar uma das principais bandas de rock da história, o músico era grande fã de jazz, R&B e blues. Ao longo das décadas, sempre teve o costume de se apresentar com outros músicos nos períodos em que não estava em turnê com os Rolling Stones, além de frequentar o Ronnie Scott's, um dos principais clubes de jazz do Reino Unido. Durante os anos 2010, lançou um álbum e fez uma série de apresentações com o grupo A, B, C & D of Boogie Woogie, acompanhando os pianos de Ben Waters e Alex Zingernberger ao lado do baixista Dave Green.
Charlie Watts esteve no Brasil em algumas ocasiões. Uma das mais lembradas ocorreu em 18 de fevereiro de 2006, quando tocou para uma multidão na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, em show transmitido ao vivo pela Globo. A passagem mais recente havia sido na turnê Olé, que passou pela América do Sul. No país, a banda se apresentou nos estádios do Maracanã, no Rio, Morumbi, em São Paulo, e Beira-Rio, em Porto Alegre. Os Rolling Stones também se apresentaram em terras brasileiras nas turnês de 1998 e 1995.