O baterista dos Rolling Stones, Charlie Watts, morreu aos 80 anos nesta terça-feira (24) após escrever a história de uma carreira brilhante e de uma vida com gostos sofisticados. "É com imensa tristeza que anunciamos a morte de nosso amado Charlie Watts", diz um trecho do comunicado, divulgado pela BBC. "Ele faleceu pacificamente em um hospital de Londres hoje cedo, cercado por sua família", informou a nota.
Além de integrar o Rolling Stones, o artista ficou conhecido por sua paixão pelo jazz e por cavalos. Abaixo, GZH elenca 10 curiosidades da carreira e da vida do músico:
Artista gráfico
Antes de entrar para os Stones, Watts trabalhou como designer na Dinamarca e como criador de peças publicitárias em uma agência britânica. Seu talento não foi desperdiçado quando investiu na carreira musical: ele projetou os cenários dos palcos de várias turnês, na década de 1960, e participou da criação gráfica de capas dos primeiros discos do grupo, como o Between the Buttons (1967).
Outra banda
No início da década de 1960, no período anterior ao Rolling Stones, Watts também integrou a Blues Incorporated, primeira banda britânica formada exclusivamente por músicos brancos tocando blues - estilo musical defendido por afro-americanos. Nas apresentações do grupo, ele conheceu Jagger, Richards e Jones, que o convidaram para ingressar na banda após a saída de Tony Chapman.
Casamento duradouro
Watts se casou com Shirley Ann Shepherd, em 1964, e teve uma filha, Seraphina. Ao contrário de seus colegas de banda, que eram conhecidos por terem diversas relações extraconjugais, Watts se manteve fiel e lutou contra as drogas na década de 1980 por amor à Shriley. Em uma entrevista à Rolling Stone, certa vez, ele disse que "não era uma estereotipada estrela do rock".
Fã de jazz
Além do rock, o artista era muito conectado com o jazz. Fã de Charlie Parker, ele publicou um livro em homenagem ao saxofonista em 1964 e um box na década de 1990, relançando a obra com um disco de faixas em homenagem ao músico. Em 2017, produziu outro disco com Danish Radio Big Band, eternizando uma apresentação de 2010 na Dinamarca, em que recupera mais canções do estilo. Ele integrou diversas bandas de jazz, como Rocket 88, Charlie Watts Quintet e Charlie Watts Tentet.
Câncer
Em 2004, o músico foi diagnosticado com um câncer na garganta e enfrentou um tratamento à base de radioterapia. O câncer entrou em remissão e, para celebrar o momento, a banda lançou o disco A Bigger Band.
Soco em Mick Jagger
Uma das histórias mais famosas da relação de amor entre os integrantes da Rolling Stones é a vez em que Watts socou Mick Jagger. Em entrevista à revista Esquire, Watts revelou que, na década de 1980, o vocalista tinha se embriagado após um show e ligou de madrugada para o quarto dele, no mesmo hotel. Irritado, o baterista fez a barba, colocou um terno, calçou os sapatos e foi até o quarto de Jagger. Quando a porta foi aberta, ele socou o colega e disse:
— Nunca mais me chame de "seu baterista". Você que é meu vocalista, seu merda.
Cavalos
Outra paixão de Watts era a criação de cavalos. Ele marcava presença em diversos leilões tentando comprar novas espécies para a fazenda da família, localizada em Devonshire, Inglaterra. Os cavalos árabes eram seus favoritos e, em entrevistas, ele já revelou que não gosta de longas turnês por conta da saudade da fazenda.
"Maior baterista do rock"
Em 2006, Watts entrou para o Hall da Fama dos Bateristas, e a Vanity Fair o elegeu como o músico mais bem vestido do ranking. No período, o crítico musical Robert Christgau, um dos mais renomados dos EUA, apontou o artista como o "maior baterista do rock". Dez anos depois, a revista Rolling Stone listou Watts como o 12º entre os cem melhores bateristas de todos os tempos.
Amor pela música
A paixão pela música teve início ainda na adolescência, quando ganhou sua primeira bateria dos pais aos 13 anos. Ele chegou a tocar banjo. Além dos discos com os Stones e a Blue Incorporated, Watts lançou sete álbuns solo, sendo o primeiro, Live at Fulham Town Hall, em 1986, e o último, The Magic of Boogie Woogie, lançado em 2010.
Bateria fake?
Em uma das poucas aparições do Rolling Stones durante a pandemia, Charlie Watts chamou a atenção do público durante a performance da banda no One World: Together At Home, show beneficente organizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O grupo tocou You Can’t Always Get What You Want, do álbum Let It Bleed, de 1969, com um detalhe: o músico apareceu com três cases e um braço de sofá no lugar da bateria, enquanto simulava a batida das baquetas. Estilo é isso!