No palco, retângulos em neon remetem a aparelhos celulares. Ao fundo, um tecido em que luzes de LED emaranhadas representam as conexões da internet.
— Lembra um pouco Blue Velvet, de David Lynch, uma coisa meio azul, estranha, só vendo mesmo — discorre Céu sobre a atmosfera que criará em seu show no Opinião, em Porto Alegre, nesta quinta-feira (21).
A artista paulistana volta à Capital para apresentar a turnê de seu quinto álbum de estúdio, APKÁ!, disponibilizado sem alarde nas plataformas digitais na madrugada do dia 13 de setembro. Foi um agrado para os fãs.
— Foi um desejo de priorizar quem está me acompanhando. A gente achou que seria interessante dar esse presente, virar a noite e ter um disco pronto, sem preliminares de imprensa e crítica — explica.
Tecnologia
Com produção musical de Pupillo, marido da cantora, e Hervé Salters, tecladista do grupo francês de rock-funk eletrônico General Elektriks, APKÁ! (expressão de alegria usada pelo segundo filho da cantora, de um ano) dialoga com o clima noturno do disco que o antecedeu, Tropix (2016). No novo trabalho, Céu discorre sobre temas como o momento político atual do Brasil (Forçar o Verão) e o parto de seu segundo filho (Ocitocina [Charged]). São assuntos que se conectam (e o verbo aqui é proposital) por meio de uma discussão sobre tecnologia e digitalismo que tanto aparecem nas letras — Off (Sad Siri) — quanto na presença de sintetizadores e beats eletrônicos.
Com APKÁ!, Céu se consolida como uma das principais compositoras de sua geração. No disco, ela assina, sozinha ou ao lado de Salters e/ou Pupillo, nove das 11 composições — Pardo foi uma encomenda a Caetano Veloso, e Make Sure Your Head Is Above é de autoria de Dinho Almeida. De presença em listas de “jovens cantoras para ficar atento”, a artista virou referência.
— Gosto de sentir que a minha influência está lá. Sinto que as meninas pegaram a caneta e começaram a se apropriar dela e estão escrevendo. Isso é uma coisa de que tenho orgulho, de olhar para trás e perceber que fui uma das pioneiras. Então, olhar e ver a força feminina tomando as rédeas é interessante — disserta a artista, que destaca também a importância de ter vivenciado as mudanças recentes da indústria fonográfica.
— Atravesso esse tempo todo de carreira olhando com orgulho essa dinâmica que tive que entender: a questão mercadológica, da internet, das gravadoras, das plataformas. A geração que peguei é transicional. Estou aqui surfando nessas ondas enormes de mudança — diz.
Aos 39 anos, Céu celebra a fase atual a partir do autoconhecimento.
— Sou uma mulher aprendendo — sentencia a cantora, entregando que a Fênix do Amor, uma das faixas de APKÁ!, é ela mesma: “Tão incansavelmente decidida/ Afinal era só uma menina/ De um céu, não sei/ Qual céu?/ Talvez/ O inferno tivesse céu”.
Céu - APKÁ!
- Quinta (21), às 22h, no Opinião: (Rua José do Patrocínio, 834)
- Ingressos: de R$ 45 (com doação de 1kg de alimento) a R$ 140
- Pontos de venda: lojas Verse do Shopping Lindoia (sem taxa), Verse da Andradas, 1.444 – Galeria Chaves – e lojas Planeta Surf dos shoppings Iguatemi, Praia de Belas, Bourbon Wallig, Barra ShoppingSul e Bourbon Ipiranga (com taxa). Online: sympla.com.br/opiniao