Pouco mais de um ano após a morte de Mr. Catra, a família do funkeiro resolveu levar a voz dele adiante. Os irmãos Fernandinho, 21 anos, Alandin, 27, Kaliba, 17, e WL, 19, se juntaram para formar o grupo Filhos de Catra e sair em turnê apresentando músicas do pai que ficaram famosas por todo o país.
Além dos sucessos do funkeiro (como Uh Papai Chegou, Tá Que Tá, Adultério e Vem todo Mundo), a ideia é promover shows com músicas inéditas deixadas por Catra e alguns trabalhos próprios dos filhos. Apesar dos planos, ainda não há datas de apresentações confirmadas.
Se firmado o projeto, é possível que o show tenha, ainda, uma música inédita de Mr. Catra cantada por Anitta e a rapper norte-americana Cardi B.
— Somos muito gratos a Anitta. Ela poderia ter tomado outras atitudes, mas não só gravou uma música do Catra, como estendeu também a sua mão a nossa família — diz Silvia Catra, que foi casada com o funkeiro por 23 anos.
Com agenda aberta para contratantes, a intenção do grupo é sair Brasil afora para fazer shows por um ano. Por enquanto, os meninos ensaiam, fazem aulas de canto e afirmam estar no radar de algumas gravadoras.
Dificuldades
A turnê surge como alternativa para manter o equilíbrio financeiro dos herdeiros. Na falta do cantor, Silvia assumiu o papel de administradora da família, composta por 32 filhos, mas se viu sem os recursos necessários para mantê-la.
Por conta do grande número de crianças, Silvia nunca trabalhou e ajudava Catra na criação dos filhos e na organização de sua carreira, até que ele faleceu, aos 49 anos, vítima de câncer no estômago.
— Quando o Catra morreu, eu me vi sem chão. Além da dor, que ainda é muito grande, me vi passando por algumas dificuldades. Principalmente quando começamos a ver as contas chegando, sem ter como pagar — conta.
A dificuldade foi tanta que Silvia diz que precisou entregar a casa em que a família morava em São Paulo para pagar dívidas. Segundo ela, o cantor Buchecha pagou a mudança deles de volta para o Rio de Janeiro.
— Eu comecei a perceber que a nossa família poderia passar por alguns tipos de necessidades maiores, e ao mesmo tempo eu sabia que tinha artistas muito bons dentro de casa, mas que precisavam de direcionamento. Como ajudei o Catra muitas vezes, decidi não ficar parada e nem deixar minha família chegar ao ponto de passar fome. Então comecei a administrar tudo isso da melhor forma possível — conta Silvia. — Essa foi uma forma que encontramos de levar comida para casa.
Hoje, Silvia garante a renda fazendo trabalhos com marcas. Segundo ela, era um sonho de Catra ver todos os filhos "encaminhados, brilhando em suas carreiras", e sem deixar que a memória dele fosse esquecida.
A maior de todas as dificuldades, no entanto, está sendo justamente aprender a viver sem o marido.
— O Catra era a coluna da nossa família, e uma casa que perde sua coluna abala as suas estruturas — confessa. — Mas estamos seguindo. Tentando nos manter sempre unidos, que era uma coisa que ele buscava. Ele sempre dizia para os nossos filhos: "Ou são todos, ou não é nenhum".
O futuro da família ainda é incerto, e pode depender da turnê. No campo amoroso, Silvia considera ser cedo para falar sobre ter um novo parceiro romântico, pois ainda tem a lembrança do marido forte dentro de si. A rotina também não permite que ele seja esquecido: a viúva conta que sempre há alguém falando sobre ele, lembrando de suas histórias, do carinho e do cuidado que tinha com todos.
— Isso deixa a gente feliz, de certa forma. É bom ouvir as pessoas falando bem dele. Mas ao mesmo tempo dói, porque dá saudade de ter ele aqui com a gente para continuar a história dele e tudo o que ele plantou.