Um dos precursores do movimento manguebeat, o grupo Nação Zumbi volta a Porto Alegre para apresentar suas influências. A banda pernambucana traz ao Opinião, nesta quinta-feira (21), o show de sua turnê baseada no álbum de releituras Radiola NZ – Vol. 1, lançado no final de 2017.
Projetada em sua parceria com Chico Science (1966-1997), a Nação Zumbi surgiu misturando rock, rap e ritmos do Nordeste. Em sua trajetória com o cantor e compositor, o grupo lançou dois discos icônicos – Da Lama ao Caos (1994) e Afrociberdelia (1996) –, com sucessos como Maracatu Atômico, A Cidade e Manguetown. Os hits desse período da Nação Zumbi com Chico Science não devem ficar de fora da apresentação desta noite, além das faixas do disco mais recente, no qual usou a sua linguagem musical para recriar nove canções de nomes como Gilberto Gil (Refazenda), Tim Maia (Balanço), David Bowie (Ashes to Ashes) e The Specials (Do Nothing).
– É uma playlist da nossa vida. São canções que nos influenciaram na nossa trajetória como músicos, que continuamos ouvindo, de Gilberto Gil a Marvin Gaye. Não nos ligamos em ordem cronológica. As músicas vieram e, coincidentemente, têm uma época próxima, dos anos 1970, 80 e 90 – relata o vocalista Jorge du Peixe. – Trouxemos para a nossa linha, respeitando a espinha dorsal de cada uma dessas canções, mas só o fato de trazer percussões e tambores já as altera.
Um comentário depreciativo que costuma se repetir sobre discos de versões é que poderia ser um trabalho de um grupo ou artista estagnado, às vezes preguiçoso. Mas não se trata do que o Nação Zumbi fez em Radiola.
– Não queríamos fazer apenas um cover, mas sim uma versão, trazendo para a nossa linguagem musical. Nós jamais faríamos o que Marvin Gaye fez. Fizemos tudo com o maior respeito. Ficou um disco gostoso de se ouvir, seja dirigindo o carro ou em casa – garante o vocalista, que também integra o projeto Los Sebosos Postizos com outros integrantes da Nação Zumbi, com um disco de 2012 em que interpretam Jorge Ben Jor.
Entre as faixas que tiveram um tratamento especial em Radiola estão a voluptuosa Sexual Healing, R&B de Marvin Gaye, que ganhou um clima praieiro na releitura da banda, com percussão, mas sem bateria.
– Sexual Healing não tinha como soar mais tropical – define Jorge.
Para Amor, do Secos & Molhados, o grupo contou com a participação de Ney Matogrosso – intérprete da versão original. Tomorrow Never Knows, dos Beatles, já estava no repertório das apresentações ao vivo.
A psicodelia também marca presença em Dois Animais na Selva Suja da Rua, composta por Taiguara e interpretada por Erasmo Carlos no aclamado disco Carlos, Erasmo (1971).
– Taiguara não gravou e deu para o Erasmo cantar. É uma música muito bonita. Fizemos questão de fazer uma versão. Gosto muito desses disco (Carlos, Erasmo), que é particularmente psicodélico através da percussão – diz Jorge.
Após um próximo disco autoral, Jorge destaca que a banda deve ainda lançar um volume 2 de Radiola.
NAÇÃO ZUMBI
Quinta-feira (21), a partir das 23h, no Opinião (Rua José do Patrocínio, 834).
Abertura da casa: 21h30min.
Classificação: 16 anos.
Ingressos: R$ 55 (2º lote, promocional) e R$ 100 (2º lote, inteira). Ingressos promocionais mediante a doação de 1kg não perecível.
Ponto de venda sem taxa de conveniência: Multisom Bourbon Wallig.
Ponto de venda com taxa: lojas Multisom (Shopping Praia de Belas, Iguatemi, Bourbon Ipiranga, Barra Shopping Sul, Shopping Total, Andradas 1.001, Bourbon São Leopoldo, Bourbon Novo Hamburgo, Park Shopping Canoas e Canoas Shopping) e pelo site blueticket.com.br.