Para homenagear o jornalista e produtor musical Carlos Eduardo Miranda (1962-2018), no aniversário de um ano de sua morte, a banda de punk rock Atahualpa y Us Panquis se reúne para show nesta sexta-feira (22), às 21h, no Gravador Pub (Conde de Porto Alegre, 22).
Miranda foi fundador do grupo nos anos 1980, atuando como vocalista e tecladista. A Atahualpa é formada por Jimi Joe (guitarra e voz), Paulo Mello (baixo), Castor Daudt (bateria), Flu (guitarra). Para fazer a parte do homenageado, a banda contará com Carlinhos Carneiro (Bidê ou Balde, Império da Lã, entre outros).
– Estou mergulhando em um desconhecido maravilhoso. É uma emoção poder estar trabalhando com esses caras que são meus ídolos. Infelizmente, é uma coisa menos conhecida do Miranda, sua porção frontman. É legal estar estudando isso, era um cara jornalista-produtor que ajudou a forjar o rock gaúcho – diz Carlinhos.
O convite ao músico surgiu após ele cantar uma música do Atahualpa em um show de homenagem ao Miranda no ano passado:
– Castor me convidou para fazer as partes do Miranda, cantar e tocar teclado. Nunca toquei teclado ao vivo na vida. "Bah, mas eu não sei tocar direito". Castor respondeu: "Miranda também não sabia" (risos).
Para este ano, a Atahualpa y Us Panquis preparam novo disco. Com Carlinhos, os integrantes remanescentes têm se encontrado em estúdio para gravar versões atualizadas de demos e músicas apresentas em shows que não foram registradas. O projeto já estava sendo conversado com Miranda.
– Castor, Flu e eu estávamos conversando muito com Miranda pela internet, antes de sua partida. Essas conversas rolavam em paralelo e só soubemos delas após a morte do Miranda, conversando entre nós três. Vimos que as conversas eram bem convergentes. Ele falava com todos nós sobre a possibilidade de uma reunião do Atahualpa y Us Panquis para talvez gravar algumas coisas em São Paulo, onde o Miranda morava. Com sua partida, se manteve essa ideia e, em janeiro deste ano, o Castor, que mora em Alagoas, botou a pilha de vir para Porto Alegre pra fazer uma homenagem ao Miranda na passagem de um ano da morte dele, no dia 22 de março. Também pilhou de a gente gravar músicas do Atahualpa que a gente tocava nos shows e nunca foram registradas devidamente – explica Jimi Joe.
Para o vocalista e guitarrista, Miranda sempre foi a força motriz da banda, além de ter ser uma figura agregadora:
– Quando a gente fazia shows com Atahualpa nos anos 1980, a energia que ele colocava no palco era avassaladora e contagiante. Miranda me levava a fazer coisas na guitarra que eu jamais imaginava ser capaz de fazer. Fora do palco, ele era aquele cara aglutinador, um cara que, usando um termo de hoje, sempre compartilhava as coisas que curtia, fosse música, cinema ou quadrinhos. Estava sempre disposto a dividir esses conhecimentos. Foi o cara que também foi um dos mais autênticos agitadores culturais do Brasil, produzindo todo tipo de música, desde o rock mais tosco até o pop mais sofisticado. Basicamente, era um cara com um conhecimento gigantesco e uma generosidade imensurável em dividir isso com quem tinha o privilégio de conviver com ele.
Carlinhos Carneiro corrobora:
– É um cara que sempre teve essa influencia positiva sobre as pessoas. Sem nunca querer se gabar, era um Carlos Imperial do bem.
No show desta sexta, também estão previstas participações de Julia Barth e Carlo Pianta. A abertura da casa será às 18h, e o ingresso na hora custa R$ 20. Antes do show da Atahualpa, haverá uma apresentação de Carlos Gerbase e King Jim tocando versões dos Replicantes.