Nesta segunda, Caetano Veloso, um dos maiores artistas da canção popular brasileira, completa 75 anos. Mesmo tal elogio não faz jus à sua carreira. Na lista de muita gente, é o único a rivalizar com Chico Buarque no posto de maior cancionista do último meio século, e essa condição vem amparada por atuações decisivas ao longo desse tempo: o disco ritual-manifesto tropicalista em 1968, o experimentalismo e a contracultura nos anos 1970, a transa com o pop na década seguinte, o sucesso de vendas na segunda metade dos anos 1990, somado à excepcional autobiografia Verdade Tropical, a internacionalização de sua carreira nos anos 2000 – shows nos EUA, A Foreign Sound, o cinema de Almodóvar – e inovadoras propostas de vanguarda nos trabalhos mais recentes. Isso sem contar o evidente virtuosismo na composição de canções como Cajuína, O Ciúme, O Quereres, Oração ao Tempo e tantas outras, além de uma sonoridade em geral mais estridente e um apetite maior para a polêmica do que seu "antagonista" carioca. Caetano é um intelectual brasileiro, opinando sobre questões dos mais diversos campos. Para bem e para mal, esse é o lugar que ele ocupa em nossa cultura.
75 anos de Caetano
Guto Leite: "Ninguém entende o Brasil sem observar Caetano Veloso"
Músico e professor de literatura escreve sobre a importância do músico na história recente do país