A música nativista cruza fronteiras carregada pelo rock’n’roll. Essa é a proposta do Rock de Galpão, projeto que relê clássicos do cancioneiro gaúcho a partir de arranjos roqueiros. Nestas terça e quarta-feira, o grupo sobe ao palco do Centro Histórico-Cultural Santa Casa para dois shows, dando início a uma turnê que passará por mais de uma dezena de cidades da Região Sul, incluindo Florianópolis e Curitiba – além de Buenos Aires, na Argentina. Apresentações e viagens serão registradas em vídeo para um documentário que celebrará os 10 anos do projeto.
– Rock de Galpão é world music. Usamos a universalidade do rock para levar adiante o potencial da música nativista de tocar qualquer ouvinte. Há uma possibilidade de diálogo pouco explorada dos artistas do Rio Grande do Sul com a Argentina, com o Paraná e com Santa Catarina. Nosso projeto quer ser inovador também nesse sentido – diz o vocalista e guitarrista Tiago Ferraz, um dos líderes do Rock do Galpão.
O grupo não estará sozinho nessa empreitada. Um time de destaques da música urbana e nativista do RS foi escalado para os shows desta semana. Os convidados desta terça-feira são Humberto Gessinger, Gutcha Ramil e Gilberto Monteiro. Já na quarta-feira será a vez de Hique Gomez e Neto Fagundes. Além desses, um convidado internacional estará presente no show da quarta-feira: o egípcio Hossam Ramzy, responsável por criar arranjos de cordas e percussão para Jimmy Page e Robert Plant na turnê No Quarter, na qual a dupla fez releituras de clássicos do Led Zeppelin. Ramzy também já trabalhou com músicos do quilate de Peter Gabriel, Chick Corea e Sting.
O egípcio tocará com Hique Gomez Cordas de Espinho (Luiz Coronel e Marco Aurélio Vasconcelos). O repertório terá canções como Recuerdos da 28 (Knelmo Alves e Francisco Alves), Desgarrados (Mário Barbará e Sérgio Napp), Romance do Pala Velho (Noel Guarany), Entrando no M’Bororé (Elton Saldanha), Canto dos Livres (Cenair Maicá), Eu Reconheço que Sou um Grosso (Gildo de Freitas) e Não Podemos se Entregá pros Home (Humberto Zanatta, Francisco Alves e Francisco Scherer). Tiago Ferraz assegura que não tem recebido qualquer resistência dos tradicionalistas aos seus arranjos roqueiros:
– O primeiro cara que nos deu a bênção foi o Paixão Côrtes. Os tradicionalistas compreendem que é preciso apresentar o tradicional de outras maneiras. O mundo está rodando muito rápido, não dá para ficar dizendo o que pode ou não pode na música.
Além de Ferraz, a banda conta com Rafa Schuler (guitarra e vocais), Guilherme Gul (bateria), Mestre Kó (teclados e vocais), Paulinho Cardoso (acordeon) e Gustavo Viegas (contrabaixo). Diablo Jr. (percussão e boleadeiras) também participará, como um dos artistas convidados.
– Está acontecendo o que a gente sempre sonhou. Vemos pais e filhos juntos nos shows. É uma programação sadia e bacana de amor pela querência e pela família – diz Ferraz.