Dadas a riqueza e o nonsense das tramas e maracutaias que formam o cotidiano básico da política partidária e eleitoral no Brasil, é de uma negligência gritante o silêncio a respeito do tema na ficção nacional produzida no século 21. Há exceções pontuais recentes, como A Primeira Mulher, de Miguel Sanches Neto, Habitante Irreal, de Paulo Scott, e Abaixo do Paraíso, de André de Leones, mas nos três casos o tema político é apenas um pretexto parcial ou, no máximo, um pano de fundo logo abandonado em favor de outra história que o escritor estava mais interessado em abordar. É esse um dos elementos que garantem a singularidade de Lambuja, romance recém-lançado pelo jornalista e escritor Caco Belmonte: é uma sátira melancólica e amarga em formato de ficção. Outra característica do livro é o fato de emular declaradamente, em sua estrutura, o clássico Os Ratos, de Dyonélio Machado.
Mundo Livro
Escritor Caco Belmonte retrata vaidades e pequenas traições dos bastidores da política
Romance "Lambuja" emula em sua estrutura o clássico “Os Ratos”
Carlos André Moreira
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