Na obra do angolano José Eduardo Agualusa, real e ficção mesclam-se e trocam de lugar a ponto de parecer corriqueiro que um hoteleiro riponga seja um ex-guerrilheiro com a sobrenatural capacidade de caminhar pelos sonhos alheios. O recente A Sociedade dos Sonhadores Involuntários, romance que tem como pano de fundo o caso dos 15+2 (prisão de ativistas cuja libertação mobilizou a comunidade internacional em 2015), foi lançado antes do pleito de 23 de agosto, quando os angolanos elegeram o terceiro presidente do país, encerrando 38 anos de gestão de José Eduardo dos Santos – seu sucessor, escolhido não sem muitos questionamentos da oposição, é João Lourenço, ministro da Defesa de Santos. Nesta entrevista, concedida por telefone durante sua visita ao Brasil para lançar o livro, Agualusa fala sobre sua esperança na democracia e a necessidade de se criar novas utopias.
Com a palavra
"Não nos resta alternativa a não ser o otimismo", diz escritor angolano José Eduardo Agualusa
Autor diz que o país hoje presta mais atenção a autores de língua portuguesa de outras nações, a exemplo do moçambicano Mia Couto
Fernanda Grabauska
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