Marcos Mion está na telinha, mas, também, nas telonas. O apresentador do Caldeirão com Mion, que até já se aventurou como ator em algumas produções no cinema e na TV, mas geralmente como coadjuvante, decidiu que era hora de ser protagonista. E não apenas isso, quis levar seus valores e referências para esta aventura.
Desta forma, está estreando, nesta quinta-feira (16), nos cinemas de todo o país, MMA – Meu Melhor Amigo, filme que foi capitaneado pelo ator e apresentador. Mion foi o responsável pelo argumento, colaborou com o roteiro, que foi escrito por Paulo Cursino (O Candidato Honesto), além de produzir o título. É um filho seu que ganha o mundo.
— Tenho uma obstinação muito grande pelo legado que vou deixar, de uma vida inteira dedicada ao entretenimento. Tem que valer a pena. E um filme é uma coisa que perdura. Meus bisnetos vão poder assistir e vão ser impactados pela mensagem. É diferente de um programa de TV semanal que, de certa forma, é efêmero. É a oportunidade de passar uma mensagem que possa representar o meu legado — diz Mion em entrevista para Zero Hora.
A família, a paternidade e o legado são o centro da trama de MMA. No longa, o ator dá vida a Max Machadada, um lutador que está na reta final de sua carreira e enfrenta, ainda, uma grave lesão no ombro. Levando a vida como um adolescente mulherengo, tudo muda quando o atleta descobre que tem um filho de 8 anos, Bruno.
Autista, o menino, que é vivido pelo ator Guilherme Tavares, é entregue para Max que, sempre fugindo de responsabilidades afetivas, precisará equilibrar a sua ambição de ter uma grande luta final com os desafios de ser pai atípico. A produção, que tem direção de José Alvarenga Júnior (Os Normais - O Filme), assim, aborda assuntos que são valorosos para o Mion de 2025:
— Um homem que não luta pela sua família não luta por mais nada nessa vida. O filme é uma grande homenagem ao valor da família, à transformação maravilhosa que é um filho na vida de uma pessoa, à comunidade autista, à paternidade, ao mundo da luta. Esses pilares todos, que estão no cenário desse filme, me formaram.
Segundo Mion, o nascimento de Romeu, que faz parte do espectro autista e que, hoje, tem0 19 anos, foi a grande chave da mudança em sua vida. E, por sinal, o apresentador ressalta que só conseguiu ser quem é, hoje em dia, por conta de seu filho. E se o seu herdeiro mais velho foi uma inspiração que esteve ao seu lado, uma outra veio de fora, que fez parte de sua formação:
— O Rocky Balboa é a minha bíblia. Fui criado pelo Balboa. Então, quando vi que realmente estava com a possibilidade de realizar esse sonho de fazer um filme, comecei a juntar esses pilares que, para mim, eram inegociáveis. E, assim, foi surgindo o MMA.
A experiência
Mion está em praticamente todas as cenas de MMA – Meu Melhor Amigo. É um protagonista incontestável. Mas, para poder estrelar o filme, ele teve que colocar em prática toda a sua habilidade como ator — afinal, o seu Max vai do riso ao choro em diversos momentos —, mas, também, reforça a questão física, uma vez que participa de diversas cenas de luta e mostra, na telona, que está trincado.
— Estou sempre no shape! (risos) — brinca Mion, respondendo sobre como foi o desafio de chegar ao corpo de Max. — E estava enferrujado para atuar para a câmera. A gente fez uma preparação grande antes, para encontrar o tom de atuar para a câmera, que é muito diferente do palco de teatro. Foi uma experiência muito rica poder voltar para esse lugar, um desses momentos em que você olha para o lado e fala: "Cara, isso é realmente meu trabalho?". Foi tão maravilhoso.
E, enquanto Mion encontrou uma conexão forte com o jovem Guilherme Tavares — que não é autista e a sua escalação o apresentador explicou que se deu para evitar que alguém no espectro não sofresse no set de filmagem —, ele ainda conta que como foi estar lado a lado com grandes nomes do audiovisual nacional, como Andréia Horta e Antonio Fagundes — os quais coloca entre os maiores do país.
— Lembro que foram os dois primeiros nomes que falei: "Ah, cara, queria o Antonio Fagundes para fazer o pai e a Andréia Horta para fazer a Laís". Mas é como se você estivesse falando uma coisa impossível. E não é que a gente conseguiu, cara? Então, tem um sabor de muita vitória. A entrada deles me valida como ator. Todo mundo sabe que o Fagundes não ia fazer um filme em que ele não acreditasse.
E a interação no set com Fagundes, conta Mion, foi um dos maiores desafios para o apresentador que, agora, se joga de cabeça como ator. O artista recorda da tensão que foi a primeira cena com os dois:
— O Fagundes vem com um manual em torno dele. Ele não erra, decora o texto passando o dedo rápido, não volta. Gravou, gravou. Não gravou, não foi. Estava na maior tensão do mundo. Decorei o meu texto, o dele, a rubrica, uma página para frente e uma para trás da cena que a gente estava fazendo. Estava muito pronto. Falei: "Eu não posso errar uma vírgula na minha primeira cena com o Fagundes". E não é que a gente começou e o Fagundes pediu para parar? "Deixa eu fazer isso aqui de novo". E eu por dentro assim: "Ó, agora está beleza, vou poder errar também" (risos).
E se a experiência foi cansativa para Mion? Bom, pelo visto, não. Segundo o apresentador, ele próprio se colocou um desafio: quer fazer cinco filmes em cinco anos. Ou seja, MMA é só o começo da "Mionverso", que está chegando ao cinema nacional:
— Entendi que o cinema é uma forma que tenho de honrar a arte que me fez, a arte que me salvou, que é a arte de atuar. Como a minha vida, hoje em dia, como comunicador, o tipo de agenda e de compromissos que tenho, não consigo entrar em cartaz no teatro. Mas entendi que consigo fazer cinema.