Quem ficou sem ingresso na grande fila que se formou na esquina da Borges de Medeiros com Demétrio Ribeiro para assistir à primeira sessão de Rafiki, sábado passado, tem de aproveitar a nova chance nesta sexta-feira, às 20h, com a reprise do filme na Mostra de Cinemas Africanos, em cartaz desde o dia 7 na Cinemateca Capitólio.
A programação, que segue até domingo, trouxe a Porto Alegre 22 títulos, entre longas e curtas-metragens de ficção e documentário, produzidos a partir de 2011 em países como Sudão, África do Sul, Quênia, Nigéria, Senegal e Burkina Faso. Oportunidade rara de conhecer uma pulsante cinematografia que é praticamente invisível no circuito de exibição comercial.
Rafiki, assinado pela jovem diretora Wanuri Kahiu, causou sensação em maio, no Festival de Cannes, disputando a mostra paralela Un Certain Regard. Primeiro longa do Quênia dirigido por uma mulher, Rafiki chegou à Riviera Francesa sob polêmica.
O filme, com a história de amor entre duas mulheres de Nairóbi, teve sua exibição proibida em seu país, onde a homossexualidade é considerada crime.
Wanuri encarou a ameaça de censura e realizou Rafiki ao longo de cinco anos. Seu roteiro adapta o livro Jambula Tree, da escritora ugandesa Monica Arac de Nyeko, vencedora do Prêmio Caine, uma das distinções mais prestigiadas da literatura africana em língua inglesa.
Até domingo ainda podem ser vistos no Capitólio, com ingresso a R$ 10, os seguintes longas:
No Ritmo do Antonov (2014), de Hajooj Kuka, sábado, às 18h30min. Registro do cotidiano de agricultores, pastores e rebeldes nas regiões do Nilo Azul e dos Montes Nuba, no Sudão, que seguem cuidando da terra e dos animais e preservando sua cultura em meio à guerra civil. Ganhou o prêmio de melhor documentário pelo júri popular no Festival de Toronto.
Martha & Niki, de Tora Mårtens (2016), sábado, às 18h, em sessão seguida de debate com o tema Mulheres e Culturas Urbanas. O documentário acompanha duas mulheres africanas que cruzaram seus destinos na Suécia. Martha saiu de Uganda com a mãe e a irmã. Niki nasceu na Etiópia e foi adotada por uma família sueca. Juntas, elas venceram a maior competição de hip hop da Suécia e, em 2010, foram disputar a final mundial da mais importante competição internacional de dança de rua, em Paris.
M de Menino (Nigéria, 2013), de Chika Anadudominfo, domingo, às 16h. Tem como personagem uma mulher nigeriana casada que, embora leve uma vida adaptada aos padrões modernos de independência feminina (é bem-sucedida no trabalho), sofre uma pressão familiar relacionada a costumes ancestrais.